O anti-intelectualismo do evolucionismo

John Horgan providenciou um lembrete poderoso do cepticismo que Karl Popper tinha em relação à teoria da evolução e como isso não é nada de importante (supostamente).

O grande filósofo considerava a teoria da evolução “quase uma tautologia” e “um programa metafísico de pesquisa e não uma teoria científica testável“. Devido as estes ataques à “sagrada” teoria da evolução, Karl Popper foi alvo de ataques ferozes provenientes dos ícones de “racionalidade” e “espírito crítico” da altura. Como consequência disto, ele teve que voltar atrás no que tinha dito. Mais ou menos.

Sim, “mais ou menos” porque quando foi entrevistado por John Horgan em 1992, Popper disse que “tem que se procurar alternativas!” Quem acha que se deve procurar alternativas à teoria da evolução ainda não está totalmente convertido à fé, portanto, acho que é seguro dizer que Popper não era um evolucionista tradicional – se é que ele alguma vez chegou a ser.

“Mas”, diz o evolucionista tradicional “todos os cientistas procuram modelos alternativos!” Sim, mas Popper não diz que se deve procurar um outro modelo evolutivo mas uma outra teoria por inteiro.

Uma das formas que os ateus encontraram para resistir aos ataques científicos que a sua religião sofre é perguntar “Qual é a tua alternativa?!!!”.

Esta pergunta revela de forma inequívoca o conteúdo religioso da caixa de pensamento evolutivo. Abrindo essa caixa nós encontraremos pensadores como Leibniz e Kant no “Iluminismo”, Jerry Coyne e Ken Miller nos dias de hoje a pronunciarem verdades metafísicas que exigem uma narrativa estritamente naturalista sobre as nossas origens.

A teoria da Darwin é, no fundo no fundo, uma forma de se dizer o que Deus pode e não pode fazer. Segundo essa teoria, Deus nunca poderia ter criado este mundo. Isso é um “facto”. Portanto quando os evolucionistas perguntam “qual é a tua alternativa?!, está implícito que “Deus” não pode ser a resposta. Esta resposta é rejeitada à priori porque a teoria da evolução “refutou-a”.

Há alguns anos atrás eu mandei um email a um professor universitário que tinha assinado a lista de cientistas que estão cépticos em relação às alegações evolutivas. Eu perguntei-lhe o que lhe levou a colocar o seu nome nessa lista, e ele disse que uma das razões para tal é precisamente o anti-intelectualismo dos evolucionistas. Basicamente o que eles dizem é “se não aceitarmos Darwin, temos que aceitar Deus e nós não queremos isso”. E reparem nisto: o ambiente onde este professor ouvia este tipo de “argumentação” não era nas tavernas mas nos ambientes universitários, sítios que alegadamente são um local onde ideias novas e teorias com maior poder explicativo devem ser testadas e avaliadas no seu próprio mérito e não rejeitadas por motivos ideológicos.

Conclusão:

A teoria da evolução é anti-intelectual e baseada num pensamento religioso. A diferença é que todos nós pagamos para ter essa religião ensinada aos nossos filhos

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"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
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13 Responses to O anti-intelectualismo do evolucionismo

  1. Exato!
    Na minha humilde opinião a T.E é levada por muitos (maioria) como dogma … é como um princípio fundamental que não pode de forma alguma ser desrespeitado. E o pior é que quem segue o evolucionismo não consegue ou não quer perceber isso .

    Tenho a T.E como uma religião que de tão dogmática, chega a cegar a intelectualidade de quem a segue. Exatamente como acontece com crentes fanáticos sem discernimento espiritual.

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  2. Mats,

    “Segundo essa teoria, Deus nunca poderia ter criado este mundo. Isso é um “facto”

    Achas que isso é segundo a teoria nas suas próprias alegações, ou segundo a interpretação que os ateus fanáticos dão a estas?

    Se a teoria da evolução fosse verdadeira ( e eu considero que não existem evidências científicas de qualquer fenómeno que se possa chamar “evolução” das espécies, quando não há sequer nenhum padrão definido cientificamente para saber o que é mais ou menos evoluído), em que sentido ela provaria que Deus não criara o mundo?

    Vejo muitos ateus a defenderem isso, e parece-me que alguns crentes têm a mesma posição, o que os torna cépticos na teoria da evolução, não por questão científica, mas ( também) filosófica.

    Sim, também concordo que a teoria é ridicula e que descrever selecção natural (das características que já existem) é parte da ciência descritiva chamada biologia, mas não prova nenhuma “evolução”.

    Muito menos a repetição de que “os mais aptos sobrevivem”, tem qualquer valor científico enquanto não se definir por esse método o que é “mais apto”. Até lá, verifica-se depois da ocorrência que indivíduos com características x sobreviveram e foram essas características as transmitidas em maior número à geração seguinte ( La Palisse conseguiria compreender o fenómeno, mas é óbvio que é um trabalho importante descrever ecossistemas e respectivas características das suas espécies)

    Agora, achar que “os mais aptos sobrevivem” é uma grande lei cientifica, é o mesmo que considerar conhecimento de ponta noções como “os mais sortudos sobrevivem” ou mesmo “os sobreviventes sobrevivem”.

    Assim, eu vejo razões científicas para não levar a sério a teoria da evolução como verdadeira; o que significa EVOLUÇÃO antes de tudo? Mudança não é sinónimo de evolução, para algo evoluir, tem de haver um padrão com um ponto de partida e outro de chegada.

    Mas qual é o ponto da teoria, não da intepretação que alguns façam dela, que a torna filosoficamente ilógica/impossível?

    É que, como vimos, se fosse possível provar cientificamente “EVOLUÇÃO” de espécies, isso implicaria o conhecimento sobre o sentido objectivo dessa evolução, para onde caminharia, sob pena de não lhe podermos chamar evolução. Em que sentido esse conhecimento ( utópico e impossível dadas as variáveis naturais que determinam o que é e não é “mais apto”, mesmo que houvesse evolução); não seria mais um ponto a favor de um Universo com ordem e sentido?

    Cumprimentos

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  3. Nuno Dias says:

    por enquanto é melhor que existe

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  4. Dias, a este nível, a discussão é entre verdadeiro e falso, provado ou não provado, e não sobre desejo subjectivos de que uma teoria “é o melhor que existe”. Uma explicação que não explique nada, não é melhor nem pior; não explica. Ponto.

    Parece-me que cais no erro descrito aqui:

    “Parte do princípio que a tua vítima já se acostumou desde criança a ter uma dúzia de filosofias diferentes a dançar na sua cabeça. Ele não usa o critério de “VERDADEIRO” ou “FALSO” para conferir cada doutrina que lhe apareça (seja do Inimigo ou nossa). Ao invés disso, ele verifica se a doutrina é “Académica” ou “Prática”, “Antiquada” ou “Actual”, ” Aceitável” ou “Cruel”. A gíria e a expressão feita (e não o argumento lógico) são os teus melhores aliados (…). Não percas tempo tentando levá-lo a concluir que o Materialismo é verdadeiro (sabemos que não é). Fá-lo pensar que é Forte, Violento ou Corajoso – ou ainda, que é a Filosofia do Futuro! Este é o tipo de coisas que lhe despertarão a atenção.” C.S. Lewis, Cartas do Inferno

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  5. Jairo:

    As conclusões filosóficas ou teológicas que se podem “deduzir” duma determinada teoria científica são exteriores a essa teoria.

    A T.E., neste momento, é a melhor explicação que há para a diversidade da vida. A relatividade é a teoria que melhor explica a eletrodinâmica do movimento. A teoria do big bang a melhor explicação para o inicio do universo.

    Um filósofo ou teólogo podem a partir delas construir o que quiserem. Com mais ou menos mérito.

    Dawkins é um grande biólogo e gosta de filosofar e teologizar (se é que a palavra existe) nas horas vagas. A partir das teorias atuais chegou à conclusão que os deuses não são necessários e, o que é mais, que não existem.

    Pensadores teistas, perante as mesmas teorias, chegam à conclusão inversa. Que os deuses existem e que estas teorias reforçam a certeza na sua existência.

    Ora estes pensamentos teológico-filosóficos tem o seu mérito. No entanto são totalmente alheios às teorias em si. Os fósseis e as camadas sedimentares mostram o que mostram, as partículas continuam ter os comportamentos observáveis que tem.

    Atualmente o paradigma científico inclui teorias de difícil deglutição. Se a relatividade, especialmente a restrita, parecem ser relativamente fáceis de digerir já a mecânica quântica, a relatividade geral ou a teoria da evolução apresentam desafios intelectuais de vulto.

    Se a T.E. aínda pode ser entendivel por um número alargado de pessoas a mecânica quântica torna-se extraordinariamente difícil de entender.

    A compreensão e interpretação destes paradigmas e a sua aplicação na teologia ou filosofia são desafios enormes.

    O que me parece totalmente errado é por uma dada teoria ser aparentemente contrária a uma posição filosófica ou teológica, em vez de tentar perceber como se conciliam ou qual é o nosso erro, partir para a negação da teoria porque é contrária às nossas convicções pessoais.

    Neste momento a conciliação da T.E. com as teologias já foi feita exceto pelos criacionistas da terra jovem que insistem em dar tiros ao mensageiro.

    E a T.E. é de fato a melhor explicação que temos para a diversidade da vida.

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  6. Mats says:

    Jairo,

    Mats,

    “Segundo essa teoria, Deus nunca poderia ter criado este mundo. Isso é um “facto”

    Achas que isso é segundo a teoria nas suas próprias alegações, ou segundo a interpretação que os ateus fanáticos dão a estas?

    Eu acho que é mesmo algo embutido na teoria em si. Desde o princípio que os seus criadores foram bem vocais em afirmar os propósitos ateístas desta visão religiosa, e como tal, somos forçados a concluir que a teoria em si nada mais é que uma ramificação do ateísmo.

    Em 1959, em Chicago, Julian Huxley, neto do famoso T.H. Huxley, afirmou que “Nesta nova visão do mundo [evolucionismo] não há lugar para uma Figura Paterna Divinizada”.

    Claro que as pessoas podem sempre dizer que Deus criou através do processo da evolução, mas isso é uma “solução” para um problema que não existe. Deus não precisa de criar através da evolução porque a evolução (tal como entendida por pessoas como o Dawkins) nunca aconteceu.

    Além disso, como disse Monod, qualquer Deus que “criasse” através dum processo de tentativa e erro (e milhões de mortos pelo caminho) não seria Digno de ser Adorado.

    Abraço.

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  7. Mats:

    Repara na contradição do que dizes:

    Deus é a fonte absoluta do bem e do mal.
    Se a criação de deus foi através da seleção natural então não deve ser adorado.
    Ora, na tua perspectiva, tudo o que há é por vontade de Deus exceto o comportamento humano (a questão do pecado)

    Logo estás a “revoltar-te” contra a vontade de deus…

    Basta uma frase para resolver o problema:

    As espécies evoluiriam por seleção natural porque essa foi a vontade de Deus. O sol “queima” hidrogênio porque foi essa a vontade de Deus.

    Pode facilmente imaginar-se que de uma forma qualquer imperceptível para nós a evolução foi “dirigida” para este resultado final. Os milhões de mortos são a conseqüência da vontade do homem de desobedecer e não reconhecer a vontade do criador (pecado original).

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  8. Darcy says:

    “Os fósseis e as camadas sedimentares mostram o que mostram, as partículas continuam ter os comportamentos observáveis que tem.”

    Pois, João. Quanto às últimas, elas continuam a “falar” pelos comportamentos “observáveis”. Quanto aos primeiros, eles continuam silenciosos. E quem é que lhes dá voz?
    Se pelo menos “sonhassem” a estória que os evolucionistas os põem a “dizer” ou “mostrar” em conjunto (com aquele rigor “científico” de afirmar ser ela tão certa quanto a gravidade!), eles talvez se revirassem em seus túmulos…

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  9. Darcy:

    A ciência não é adivinhação ou achismo. As teorias cientificas são testadas e retestadas.

    Podes acreditar ou não que a luz do sol é proveniente da transformação do hidrogénio em hélio, que a terra tem milhões de anos e por aí fora.

    Neste momento é o que temos. A melhor explicação até aparecer uma melhor.

    Podes tu, ou qualquer outra pessoa, substituir qualquer uma das teorias por uma melhor. É só encontrar uma que melhor explique e preveja e que possa ser testada.

    Parece que a unica teoria que te incomoda é a da evolução.

    Até é relativamente fácil infirmar a evolução.

    Basta demonstrar que a terra tem uma idade jovem (até 10 000 000) de anos.

    ou

    Encontrar fósseis de épocas diferentes no mesmos extratos.

    Ou encontrar uma explicação que melhor se aplique aos dados, que melhor explique as observações e que possa ser testada.

    Parece simples mas não é assim tanto…

    Há 150 anos que anda muita gente a tentar infirmar a evolução e há mais de 100 a relatividade….

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  10. Mats says:

    JOão Melo,

    Repara na contradição do que dizes:

    Deus é a fonte absoluta do bem e do mal.

    Eu nucna disse que “Deus é a fonte absoluta do bem e do mal”, portanto o resto da tua resposta é falsa.

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  11. Darcy says:

    João,

    Repara que não estou a dizer que a ciência é achismo (e mesmo que fosse esse o caso, ela, numa personificação aqui, estaria a aceitar naturalmente e até de bom grado qualquer que fosse o meu questionamento).

    Se os “fósseis mostram o que mostram”, a ciência, exatamente por não ser “achismo”, tem de ser cuidadosa com as afirmações que vão além do que eles de fato “mostram”. Já pensaste nisso?

    Por isso perguntei: “Quem dá voz aos fósseis?” O grau de confiança que tu podes extrair da “voz” que vem de partículas que têm “comportamento observáveis”, tu e qualquer outro estudioso, num processo testável e repetido, não pode ser equivocado com aquilo que tu consegues extrair da “mudez” de fósseis e das estórias que alguns se aventuram, por mais bem intencionados que estejam, a contar no lugar deles.

    “As teorias cientificas são testadas e retestadas.”

    Pois. As estórias que tu e outros evolucionistas põem os fósseis a “falar” não são testadas, João. Nem uma única vez. Por teu critério, como podes tomar isso por ciência, e tão certa quanto a gravidade?

    “Parece que a unica teoria que te incomoda é a da evolução.”

    Se ela não disser a verdade, é natural que eu me incomode.

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  12. wallacevidal says:

    João Melo de Sousa,

    Concordo contigo. Há tantos “furos” e questões sem respostas em áreas como a astronomia, por exemplo… mas ninguém fala nada. Eles não falam nada porque tudo que essa área descobrir de novo, eles tem uma deculpa: Deus quis. No evolucionismo eles também podem usar essa desculpa, mas terão que assumir que a revelação de deus no livro sagrado está errado. Isso é um pouco mais difícil.

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  13. Entre muitas certezas,uma se destaca:Ateus descendem de macacos , eu como cristao descendo de Adao.NHAC NHAC NHAC!!!!

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