O princípio antrópico não é ciência

“OS céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas Mãos
Salmo 19:1

O naturalismo tem a tendência de mostrar as suas mais discutíveis doutrinas duma forma que esconde a sua verdadeira natureza. Isto é feito de uma forma confusa. Frequentemente as doutrinas do naturalismo são apresentadas como tautologias ou truísmos cuja verdade é óbvia. É isto que acontece com o princípio antrópico.

Historicamente os cientistas há muito que sabem que a Terra é um lugar peculiar contendo muitas propriedades raras necessárias para a vida. Por exemplo, a distância da Terra para o Sol e a órbita quase circular da primeira mantém uma temperatura ajustada para a vida.

Para além disso, a Terra possui água abundante e uma temperatura média que, “por acaso”, está dentro dos limites que proporcionam a que a água esteja no estado líquido. A inclinação da Terra é perfeita: se a mesma fosse menor, então uma maior parte da Terra estaria sob o domínio do frio dos pólos ou dos desertos equatoriais.

Se a inclinação fosse maior, então largas partes da Terra teriam seis meses de noite seguidos por seis meses de dia.

O campo magnético e a camada de ozono (O3) filtram a maior parte das radiações letais vindas do espaço. Outras características especiais da Terra incluem a sua massa, a sua densidade, o seu rádio, a sua velocidade de rotação, o sistema meteorológico, a pressão atmosférica e a sua composição química. Se estas características fossem substancialmente diferentes, então a vida tal como a conhecemos não seria possível.

Os naturalistas respondem.

Esmagados por todos estas “coincidências” do planeta Terra, os evolucionistas alegaram que existem outros planetas diferentes da Terra, e que esta última apenas teve a “sorte” de ter as propriedades necessárias para a vida. Portanto, concluíram os evolucionistas, o universo não favorece a Terra ou a vida de forma alguma.

Mas o universo é especial também.

As últimas descobertas científicas tem destronado esta explicação naturalista uma vez que novas evidências científicas mostram que o universo em si possui numerosas propriedades necessárias para a vida. Por exemplo, se a carga eléctrica dos electrões fosse ligeiramente diferente, então as estrelas seriam incapazes de queimar hidrogénio e hélio. Se a relativa potência das forças nucleares e electromagnéticas fosse diferente, então os átomos de carbono não existiriam na natureza e como tal nós não existiríamos. 

Se um segundo após o big bang a taxa de expansão fosse 1/100 000 000 000 000 000 menor, o universo sofreria um colapso antes de atingir a dimensão actual. (Stephen Hawking, 1988, “A Brief History of Time: From the Big Bang to Black Holes”, páginas 121-122)

Parâmetros fundamentais – electromagnetismo, gravidade, a carga e a massa das partículas fundamentais – tinham que estar todas em harmonia até ao mais pequeno detalhe. Como é que estes parâmetros podem ser explicados dentro do naturalismo? O universo parece ter sido criado por Uma Mente Racional com vista a vida. A maior parte da população mundial através da História interpretou as evidências precisamente desta forma. Uma minoria tem outras “respostas”.

A nova resposta dos evolucionistas.

A resposta dos naturalistas é o princípio antrópico. A ideia é apresentada desta forma: 

O princípio antrópico…pode ser parafraseado assim: “Nós vemos o universo da forma que é porque nós existimos”. (Hawking, 1988,página 124)

O princípio antrópico é, portanto, tipicamente apresentado desta forma – dando ênfase no papel do homem como observador. O universo tem as propriedades necessárias para a nossa sobrevivência porque se não tivesse, nós não estaríamos aqui para o observar. Às vezes o conceito leva um toque esotérico que o torna interessante: O universo é da forma que é porque nós o estamos a observar. Isto parece indicar que “observar” o universo afecta-o de alguma forma.

Não é ciência.

Apesar de toda a pompa e circunstância, o princípio antrópico não é ciência mas sim uma tentativa naturalista de evitar a inferência lógica para a causa do universo (Criação).

Na verdade, há duas versões do princípio antrópico: o tautológico e o metafísico.

  • Princípio Antrópico Tautológico: O universo tem propriedades propícias para a sobrevivência (e observação) porque nós sobrevivemos (e observamos).

O princípio antrópico tautológico soa cientifico e explanatório mas não é. Porque é que nós sobrevivemos? Porque o universo tem propriedades propícias à sobrevivência. Como é que sabemos que o universo tem propriedades propícias à sobrevivência? Ora, porque sobrevivemos.

O princípio antrópico tautológico não é ciência por duas razões: é circular e não é testável. Além disso, ele foca a nossa atenção no homem e na sua existência como observador e distrai-nos do foco principal: as propriedades do universo.

Quando dito de forma clara a racionalidade por trás do princípio antrópico é clara e directa. Isto gera a segunda formulação:

  1. O naturalismo assume que a natureza não favorece de forma especial a vida ou a nossa existência.
  1. No entanto, as observações científicas mostram que o universo tem propriedades altamente improváveis necessárias para a vida e para a nossa existência.
  1. Os pontos (1) e (2) geram um conflito e o mesmo é resolvido com o princípio antrópico metafísico:
  • Principio Antrópico Metafísico: Existe uma infinitude de outros universos contendo propriedades distintas do universo conhecido; quase todos os outros universos são vazios de qualquer vida. Como tal, a “natureza” (toda esta infinitude de universos) em média não tem nenhum favor especial em relação à vida ou ao ser humano.
O princípio antrópico metafísico é a formulação nua e crua que contém algum poder explanatório. Embora esteja quase sempre escondida, esta é a formulação que os evolucionistas usam quando tentam explicar as peculiares características do universo. Este argumento tenta diluir o design que existe no universo adicionado outros (nunca observados) universos que não tem design.

Quanto mais improváveis forem as características deste universo, mais “outros universos” tem que ser adicionados de modo a que a “diluição” seja eficiente. Portanto, o argumento alega que em média a natureza não possui design algum, nem algum favor peculiar em prol da vida ou em prol da humanidade. O argumento alega que o design que o universo tem é o resultado de casualidade fortuita.

Como é óbvio, os evolucionistas evitam revelar a verdade do princípio antrópico metafísico uma vez que a noção dos “outros universos” é metafísica e sem suporte observacional. Isto imediatamente dá a noção de não ser ciência.

Conclusão:

O princípio antrópico é uma tentativa de explicar o design do universo sem apelar ao Criador. Como forma de o fazer, eles alegam que o nosso universo é um de muitos universos. O que nos distingue dos outros universos é que nesta há vida e nos outros não. Infelizmente não há a mínima evidência para os outros imaginados universos.

Para além disto, os naturalistas tentam desviar o foco da discussão das propriedades do universo para o observador. Supostamente o facto de nós observarmos o universo torna-o propício para a vida.

Nenhuma das explicações naturalistas está de acordo com os dados da ciência observacional. A explicação mais lógica e coerente é:

O universo tem propriedades peculiares para a vida precisamente porque o mesmo foi criado com esse propósito.

O design não é acidental: é propositado. Esta hipótese é a única que está de acordo com a calibração das leis da física e com as propriedades do universo. Como sempre acontece, é o naturalismo que é falsificado pelas observações.

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas.
Revelação 4:11


Fonte: “The Biotic Message”, páginas 59-62

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"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
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1 Response to O princípio antrópico não é ciência

  1. Herberti says:

    Este tal “Princípio Antrópico” é um verdadeiro “vale-tudo científico”. E é muito cômodo para os naturalistas, pois com ele podem pressupor basicamente qualquer coisa que ela terá aparência de “ciência”, mas provas (ou ao menos evidências) nem pensar!
    Quem já leu “Sós no Universo” (“Rare Earth”) dos professores Ward e Brownlee pode constatar o quão improvável é a vida em termos meramente naturais: é absurdamente improvável seu surgimento espontâneo e extremamente improvável sua sobrevivência em um Universo que lhe é bastante hostil. Alguém já calculou que para a permanência da vida na Terra, há pelo menos 2 milhões de diferentes fatores que tem que estar finamente ajustados entre sí. Este post é um complemente muito adequado ao “Exoplanetas Confirmam Criação, Refutam Ateísmo”, pois ambos mostram o óbvio fracasso da Cosmologia em oferecer explicações razoáveis para as origens.

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