Será necessário que um médico tenha fé em Darwin?

Por Dr Michael Egnor – médico-cirurgião.

Os indivíduos da “Alliance for Science” patrocinaram um concurso de redacção dirigido aos alunos secundários. Nesse concurso eles pedem aos estudantes que escrevam um texto em torno do tema “O Porquê de Eu Querer Que o Meu Médico Tenha Estudado a Teoria da Evolução”.

O primeiro prémio é uma cópia do livro “A Origem das Espécies” de Darwin. O segundo prémio são duas cópias do livro “A Origem das Espécies”! (Brincadeira)

Na verdade, o tema do concurso é hilariante se pensarmos um pouco nele. Será que alguma vez alguém faria um concurso em torno de temas como O Porquê de Eu Querer Que o Meu Médico Tenha Conhecimentos de Anatomia ou O Porquê de Eu Querer Que o Meu Médico Tenha Conhecimentos de Fisiologia ? Obviamente que não porque todos nós sabemos que estas disciplinas são importantes para a ciência.

É a “biologia” evolutiva importante para a Medicina? Se é, porque é que é preciso fazer essa pergunta?

Na verdade, os médicos não investem muito tempo na teoria da evolução. Eles não a estudam nas escolas médicas e nunca usam crenças evolutivas quando se dedicam a tentar curar os pacientes. Não há disciplinas evolutivas nas escolas médicas. Não há “professores de evolução” nas escolas médicas. Não há departamentos evolutivos nas escolas médicas.

Se precisarmos de tratamento para um tumor cerebral, a equipa médica incluirá um físico (que criou o dispositivo que faz a ressonância magnética), um químico, um farmacologista (que criou o medicamento para o tratamento), um engenheiro, um anestesista (que criou e usa a máquina que nos ministra a anestesia), um neurocirurgião(que leva a cabo a operação médica para remover o tumor), um patologista(que estudou o tumor sob um microscópio e determinou o tipo de tumor ele era), enfermeiras e oncologistas(que ajudam na recuperação e tomam medidas para que o mesmo não regresse).

Não haveria biólogos evolutivos na equipa médica.

Sou professor de neurocirurgia; trabalho e ensino numa escola médica, faço pesquisas em torno do cérebro e, em cerca de 20 anos, levei a cabo mais de 4000 operações ao cérebro. Nunca uso a teoria da evolução durante o meu trabalho.

Será que seria um melhor cirurgião se assumisse que o cérebro é o resultado de causas aleatórias? Claro que não.

Os médicos são detectives. Nós procuramos por padrões e no corpo humano, os padrões presentes possuem toda a aparência de terem sido criados. Começando na estrutura complexa do cérebro humano e acabando no não-menos-complexo código genético, os médicos sabem que os nossos corpos possuem evidências sobrepujantes em favor do design.

É precisamente por isso que a maioria dos médicos – quase 2/3 segundo sondagem nacional – não acredita que o ser humano é o resultado do acaso filtrado pela selecção natural. Ou seja, a maioria dos médicos não acredita que a teoria da evolução seja uma explicação adequada para a vida. Eles observam em primeira mão o design presente na vida.

No entanto, no meu trabalho eu uso muita ciência que gira em torno das alterações que ocorrem nos organismos. A genética é muito importante – tal como são a biologia populacional e a microbiologia. Mas a biologia evolutiva em si, distinta que é destas outras disciplinas, não contribui em nada para a medicina moderna.

Sem usar a teoria da evolução, os médicos e os cientistas descobriram:

  • as vacinas (Jenner, no século 18, antes do nascimento de Darwin)
  • que os germes causam doenças infecciosas (Pasteur, no século 19, e que ignorou Darwin)
  • os genes (Mendel, no século 19, que era um clérigo que nunca chegou a dar apoio a Darwin)
  • os antibióticos
  • e os segredos do código genético. A chave para estas últimas descobertas foi o aparente design da helix dupla do ADN.

Os transplantes de coração, fígado e rins, os novos tratamentos para o cancro e para o coração, e um conjunto de outros avanços benéficos para a preservação da vida humana, foram desenvolvidos sem qualquer input por parte dos biólogos evolutivos. De facto, até hoje, nenhum prémio Nobel da Medicina foi atribuído a trabalho envolvendo a biologia evolutiva.

É seguro afirmar que a única “contribuição” que a evolução fez para a Medicina foi levar-lhe para o horrível caminho do eugenismo. Isto trouxe a esterilização forçada e danos físicos a muitos milhares de americanos. Esta é uma “contribuição” que trouxe vergonha – e não avanço – ao campo da Medicina.

Conclusão:

Portanto, porque é que eu haveria de querer que o meu médico tivesse estudado a teoria da evolução? Eu nunca haveria de querer tal coisa. A biologia evolutiva não é fundamental para a medicina moderna.

Esta resposta, apesar de ser verdade, não serve para se vencer o prémio da ‘Alliance for Science’.

Michael Egnor, M.D.

* * * * * * *

Outra coisa que convém notar é que a maioria dos médicos não precisa de esconder as suas suspeitas em relação à teoria da evolução porque a sua posição catedrática não é afectada por isso.

Já os biólogos sofrem mais pressão dos seus pares para aceitar a teoria da evolução como um “facto”. Como tal, é normal que muitos escondam as suas reservas em torno da mitologia evolutiva.


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Salmo 139:14 - Eu Te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as Tuas obras
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9 Responses to Será necessário que um médico tenha fé em Darwin?

  1. Nisso até concordo. Um médico pode desconhecer a teoria da evolução. Quem diz a teoria da evolução diz a segunda lei da termodinâmica, a gravitação e não ser um expert em mitocôndrias. Normalmente quando tem um cão ou gato doente levam-mo ao veterinário.

    Um arquitecto ou engenheiro podem desconhecer a curvatura da terra ou os movimentos de rotação ou translação da mesma.

    As pirâmides foram feitas sem que se conhecesse o zero, que a terra é redonda e muito menos como se faz um arco.

    A TE é uma teoria biológica sobre a mudança de populações. Não se pronuncia sobre a origem da vida ou como fazer uma neurocirurgia.

    Um engenheiro pode construir o que quer que for sem acreditar na gravitação.

    Poderá ser uma pessoa com menos cultura geral mas para o que lhe é pedido : fazer bem feita uma obra de engenharia esta informação não será relevante.

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  2. abraaoisvi says:

    UHauahauhauahau que piada de concurso é este? Gente que galera é essa? O.o, fica evidente a “tentativa” de doutrinação, chega ser nojento.

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  3. Nunca se sabe.
    Às vezes um fóssil pode dar boas poistas de alguma doença.(RSRSRS)

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  4. Cássio says:

    De fato, não há motivos expressos para que um médico, que trabalha com ciência aplicada, necessariamente tenha de conhecer a TE, pensando mais ou menos na mesma linha que o João Melo. O concurso é tendencioso. E a argumentação (e sentido) do artigo acaba aqui.
    O restante do texto é só de falácias… ad populum, apelo à autoridade, além de distorção dos fatos no parágrafo dizendo que a única contribuição da biologia evolutiva para a medicina foi a eugenia (o autor pode provar sua afirmação?).

    Como argumento contrário, utilizo-me aqui do conceito recente de Medicina Evolutiva. Como exemplos de sua alçada, temos: entender como patógenos reagem a determinado tratamento, adquirindo resistência (e assim, tentando evitar isso); entender a suscetibilidade de determinadas pessoas a certas doenças baseadas em sua genealogia (e tomar atitudes preventivas cabíveis a cada situação); entender os motivos do surgimento de sintomas (no contexto de adaptação evolutiva), pode ajudar a tratá-los. Enfim, não estou dizendo que é a pedra de base da medicina, mas que há contribuições, isso há.

    Por fim, convém notar que médicos não necessariamente têm conhecimento profundo sobre o que a teoria evolutiva de fato é, já que a mesma não faz parte de sua grade curricular; enquanto que biólogos estudam-na extensivamente em sua formação e em suas pesquisas. É uma hipótese alternativa ao cenário de “pressão” diferenciada dos pares gerando a crença da maioria dos biólogos e de menos de um terço dos médicos. Afinal, não se espera que alguém se convença de dados argumentos sem entendê-los, certo?

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  5. Marco Antonio - Curitiba (PR) says:

    O interessante (e poucos falam) é que entre o final do século XIX e início do século XX, vários médicos crentes na Evolução acreditavam que mais de 200 órgãos do corpo humano eram vestigiais e, portanto, inúteis, quando não perniciosos. E tome-lhe facada nas amígdalas, glândulas e afins. Houve um cirurgião (não me recordo o nome, mas tenho um livro que trata do assunto) que extirpava o intestino grosso – vestigial! – do freguês. Felizmente o empirismo desse xamã darwinista demonstrou as conseqüências nefandas de suas crenças.

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  6. Dalton says:

    Se a Medicina Evolutiva não leva em consideração se um ser pode se tornar outro de uma hora pra outra, não se trata da evolução pregada pelo darwinismo, e sim de variação genética aceita em todos os campos da ciência.

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  7. Dalton says:

    Aliás, o pré-suposto medicinal é que o ser humano será sempre um ser humano e seguirá padrões, o que permite ao médico exercer sua função de “detetive” e investigar a origem e a cura da doença, como acontece em vários casos do seriado Dr. House, por mais exagerado que seja.

    O que é totalmente oposto à evolução, que admite que tal padronização não existe; o que existe é apenas a versão mais “atual” e capaz de sobreviver de uma linhagem evolutiva.

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  8. Cássio says:

    Falar como se milhares e milhões de anos fossem de uma hora para a outra implica dizer “em escala geológica”, no mínimo. Durante os 2.500 anos desde a criação da medicina (com Hipócrates) não há tempo para mudanças substanciais na linhagem humana, segundo a evolução. E neste caso, a medicina pode tratar da diversidade atual com a padronização de seus métodos para os humanos.
    Se a evolução não admitisse um grau de similaridade entre os humanos, eles não se configurariam uma espécie. Há variabilidade atualmente, sim, e a espécie foi mudando ao longo do tempo, em uma escala geológica. Isso não muda os parâmetros adotados pela medicina clássica.

    Agora, é justamente nas mudanças do ser humano que a Medicina Evolutiva foca, mas no seu passado. Como determinados sintomas evoluíram? (co-evolução e adaptação) Mas também pode atuar observando a evolução dos patógenos: como as bactérias adquirem resistência? Pois sim, o mecanismo de modificação de uma linhagem com o tempo pode ser observado em ação quando falamos de organismos de ciclo de vida mais curto como as bactérias, e devemos ter esta preocupação para não criarmos cepas resistentes às nossas opções de remédio. Por isso a utilização de coquetéis.
    Observar os mecanismos evolutivos atuando em menor escala é uma ótima base para que se imagine-o ocorrendo em maior escala. É o mesmo processo. Mas enfim, já começo a tangenciar o tema.

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  9. Michael lima says:

    Um ser vivo ou uma pedra (se tivesse como pensar) não precisam acreditar que existe a força da gravidade para situarem-se na superfície do planeta. A despeito de conhecer esse princípo ou não, colam-se ao chão do mesmo jeito. O que o colega expôs como argumentos só me prova uma coisa.: que médicos não são necessariamente investigadores do mundo natural. Decoram procedimentos e funcionamentos de um organismo afim de descobrir e sanar suas mazelas detro do que lhe é possível. Alguns, é claro, se dão à investigações científicas de fato, mas os seus próprios cursos acadêmicos não lhes dão a noção básica e mais irrefutável da ciência biológica até aqui. Me pergunto quantos destes indivíduos pelo menos leram o livro e me pergunto o quanto desta falha lhe diminuem enquanto indivíduos que se dão a algum conhecimento. Na verdade, os argumentos do colega não diminuem em nada o conceito de seleção natural, mas de certa forma, desmerece o aspecto cético dos médicos. Parece que a ciência básica que não lhes for usada na profissão é por muitos deles descartada. Mas não se preocupem totamente, há que leve a sério a física, a química e a biologia para desenvolver métodos, técnicas, mecanismos e objetos que ajudam o ser humano. O colega não precisa usar física nuclear na medicina, mas a existencia dos aparelhos que usa dependeu e muito desse conhecimento. Que bom que a humanidade não é composta apenas por profissionais desse tipo. Senão poderíamos encerrar qualquer avanço e nos contentar com as coisas como elas são. A tese de Darwin, queira o amigo ou não, é hoje o substrato mais comprovado de toda a ciência. Até mesmo novas ciências só lhe tem dado mais comprovação. Tb é uma pena de que a maioria das pessoas não saibam desse fato e cheguem mesmo a pensar que os padres têm mais razão.

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