O que foi que Darwin realmente disse sobre os tentilhões das Galápagos?

Por Truth In Science

Tentilhoes_DarwinNas Ilhas Galápagos que se encontram no Oceano Pacífico, perto do equador, existe uma variedade de tentilhões que têm bicos que variam de forma e de tamanho. Aparentemente, os tentilhões colonizaram as Ilhas a partir da continente da América do Sul, e posteriormente divergiram em relação à sua forma. A distância entre as ilhas significa que os tentilhões que se encontravam nas variadas ilhas não se poderiam cruzar entre si, e devido a isso, as populações das diferentes ilhas tenderam a tornarem-se distintas.

As diferentes populações tornaram-se também especializadas para distintas fontes alimentares, existindo áves com bicos estreitos e afiados a comer insectos, ao mesmo tempo que existem áves com bicos largos e robustos a alimentarem-se de nozes. Darwin colectou alguns destes tentilhões quando visitou as Ilhas Galápagos, e é dito com frequência que os tentilhões foram a chave para o desenvolvimento da sua teoria da evolução. Em muitos livros escolares, eles são usados como evidência em favor da sua teoria.

Será que os tentilhões foram importantes para Darwin na formulação da sua teoria?

As crianças em idade escolar são frequentemente ensinadas que os tentilhões das Ilhas Galápagos foram muito importantes ao ajudarem Darwin a formular a sua teoria da evolução. Por exemplo, o “GCSE Bitesize Revision Biology: Variation and inheritance states” da BBC diz:

Enquanto estudava a vida selvagem nas Ilhas Galápagos, [Darwin] reparou que os tentilhões das Galápagos exibiam variações consideráveis – por exemplo, na forma e no tamanho dos bicos – de ilha para ilha. Darwin deduziu que estas distinções faziam com que os tentilhões ficassem melhor adaptados para se aproveitarem da comida no seu ambiente particular – bicos afiados e finos prevalecendo onde a principal fonte de alimento das áves eram insectos e larvas, e bicos maiores e com a forma de garras onde a dieta consistia de frutos e nozes. Em cada uma das localizações, a população de tentilhões tinha de alguma forma desenvolvido bicos que se ajustavam ao seu meio ambiente particular.

Darwin concluiu que em cada local, um ou mais tentilhões haviam obtido por acaso, através de mutações aleatórias, um bico com a forma que melhor se ajustava às fontes de alimento que existiam nesse local. Estes indivíduos passaram a ter, então, uma vantagem competitiva sobre os seus parceiros tentilhões, permitindo que eles crescessem e se reproduzissem com mais sucesso, passando os seus bicos especializados às gerações sucessivas – até que eventualmente a característica se espalhou por toda a população de tentilhões dessa ilha.

A BBC está errada em muitas das coisas que diz aqui. Quando Darwin se encontrava nas Ilhas Galápagos, ele não reparou que as diferentes ilhas tinham tipos de tentilhões distintos, e nem se apercebeu que os tentilhões tinham um grau de parentesco próximo apesar das diferenças nos seus bicos. Ele não associou os tipos distintos de bicos com os tipos distintos de dieta alimentar.

Mesmo depois de ter regressado a Londres, os biógrafos de Darwin ressalvaram que ele “permaneceu confundido em relação aos tentilhões das Galápagos….desconhecedor da importância da diferença entre os bicos… Ele não conhecia um grupo único, intimamente aparentado, que se havia tornado especializado e adaptado a  nichos ambientais distintos” (p. 209, Darwin – A. Desmond and J. Moore).

No seu livro “A Origem das Espécies”, Darwin não falou dos tentilhões. Eles só aparecem no seu Journal, sendo mencionados de passagem na sua primeira edição (1839), e passando a ter alguns parágrafos e uma fotografia seis anos mais tarde, na edição revista (1845). O máximo que Darwin chegou a dizer em relação aos tentilhões encontra-se aqui:

Observando esta transição gradual e esta diversidade num grupo de áves pequeno e intimamente aparentado, pode-se postular que a partir duma escassez original de áves, uma espécie tenha sido tomada e modificada para fins distintos. Infelizmente, a maior parte dos espécimes da tribo dos tentilhões mesclaram-se; mas tenho motivos fortes para suspeitar que algumas das espécies do sub-grupo Geospiza se encontram confinadas a ilhas distintas. Se cada uma das ilhas tem representantes do Geospiza, isso pode ajudar a explicar o largo, e singular, número de espécies deste sub-grupo neste pequeno arquipélago, e como consequência do seu número, a série graduada perfeita no tamanho dos seus bicos. (pp403-420) – Darwin, Journal of Researches into the Natural History and Geology of the countries visited during the voyage round the world of H.M.S. Beagle, revised edition, Henry Colburn 1845.

Portanto, tudo o que Darwin fez foi especular que os diferentes tentilhões haviam descendido dum ancestral comum, e que haviam mudado para serem capazes de fazer coisas distintas. Ele nem sequer tinha a certeza de que as diferentes espécies eram de ilhas distintas. Certamente que ele não foi o autor da teoria detalhada em relação à forma como os tentilhões de diversificaram, como sugere a BBC.

A BBC faz este erro porque surgiu um mito em relação aos tentilhões de Darwin. Eles não eram conhecidos como “Tentilhões de Darwin” até ao ano de 1936, e esse nome foi popularizado pelo ornitólogo David Lack no seu livro com o nome de “Darwin’s Finches” (1947). Lack descreveu o relato detalhado em relação à evolução dos Tentilhões, recontada pela BBC, e promoveu também o mito de que os tentilhões haviam dado a Darwin ideias importantes para a evolução.

Os “Tentilhões de Darwin” estão amplamente propagados nos livros escolares de biologia , tais como o programa de Estudo “WJEC A-Level Biology”, e o programa de Estudo “Intermediate 2 Biology” obriga o seu ensino.

O que é que os Tentilhões demonstram em relação a evolução?

Embora os tentilhões não tenham sido importantes para o trabalho de Charles Darwin, eles dizem-nos algumas coisas em relação à evolução. Particularmente, durante as últimas décadas dois cientistas fizeram um estudo de longo prazo em torno dos tentilhões numa das Ilhas ds Galápagos. Isto é acertadamente descrito no livro escolar “Advanced Biology”, (Jones, M., and G. Jones. 1997. Cambridge University Press).  Os autores recontam a forma como, entre 1977 e 1982, houve uma seca numa das ilhas ds Galápagos, e como devido à selecção natural o tamanho médio dos bicos dos tentilhões se tornou maior.

No entanto, isto não foi o final da história. Se as coisas tivessem continuado desta forma, o tamanho médio dos bicos do G. fortis teria continuado a ficar maior e maior à medida que o tempo ia passando. Mas não foi isso que aconteceu  (p. 153)

Estas alterações cumulativas não ocorreram por dois motivos. (1)  Existem desvantagens em ter um bico mais longo, especialmente quando a áve é jovem. Isto pode contrapor as vantagens. (2) A pressão selectiva das ilhas fluta. No ano de 1982 a seca parou por lá, e a selecção foi em favor das áves com bicos mais pequenos.

Pode, portanto, ser alegado que o estudo mostrou os limites naturais das variações evolutivas. A variação dentro duma espécie é uma coisa boa, visto que isso dá-lhe a possibilidade de lidar com as mudanças no meio ambiente. Mas a variação tem limites. Muitos livros escolares não entram neste tipo de detalhe, descrevendo de forma simples os tentilhões como um bom exemplo duma espécie a evoluir a partir dum ancestral comum.

Os tentilhões das Galápagos dão-nos um excelente exemplo da radiação adaptativa. É assumido pelos evolucionistas que um estoque de tentilhões ancestrais chegou às ilhas proveniente do continente, e que depois disso, e devido à ausência de competição de registo, evoluiu de modo a preencher muitos dos nichos ecológicos que se encontravam vazios nas ilhas, mas que no continente se encontram preenchidos por outros animais. (p. 725) Advanced Biology. Roberts, M., M. Reiss, and G. Monger. 2000. Nelson

Conclusão:

Os tentilhões das Galápagos não eram assim tão importantes para Darwin como é normalmente alegado, mas eles são um bom exemplo da [assim-chamada] micro-evolução. Eles mostram-nos que os tentilhões podem variar na sua morfologia, e que a selecção natural desempenha um papel nessas alterações.

No entanto, este estudo não disponibiliza qualquer evidência da [assim-chamada] macro-evolução,  nem prova que a selecção natural e as mutações aleatórias podem produzir o mundo vivo, tal como o conhecemos, a partir de ancestrais unicelulares.

~ http://goo.gl/0VT6sK

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