Pesquisas recentes podem confirmar que ninguém nasce ateu.

E lá procurarão o Senhor, o seu Deus, e o acharão, se o procurarem de todo o seu coração e de toda a sua alma. – Deuteronómio 4:29

Por Joel Furches

Se por acaso uma criança perguntar aos seus pais o porquê do sol brilhar, a resposta mais rápida pode ser dizer-lhe que o sol brilha para nos dar luz ou para ajudar as plantas crescer. Subentendida nesta resposta, no entanto, está a suposição de propósito e design. A pergunta assume que o sol foi colocado lá por um motivo, e que a sua luz tem um propósito intencional – e não que os benefícios da sua luz são uma coincidência marginal dum processo natural.

Uma resposta mais analítica pode ser dizer que o sol brilha devido a um processo de fusão nuclear que produz prótons e ondas de luz tão intensas que eles chegam à Terra em quantidades suficientes para serem vistas. Claro que esta resposta explica o “como” o sol brilha, mas não explica o “porquê”.

O facto das crianças parecerem estar construídas para fazerem perguntas em torno do “porquê”, e o facto de pessoas de todas as áreas parecerem construídas para atribuir propósito e design às coisas do mundo natural é revelador.

A sabedoria ateísta convencional declara que “todos nós nascemos ateus” – isto é, que nenhuma pessoa nasce a acreditar em Deus. Por outro lado, o reformador Protestante João Calvino alegou que todas as pessoas tinham um “sensus divinitatis“, isto é, um sentido de Deus inerente. Mais tarde, o teólogo Cristão Alvin Plantinga alegou que a crença em Deus é “propriamente básica“, isto é, que acreditar em Deus é tão fundamental como acreditar que nós existimos ou que o mundo externo e real – coisas que nós já acreditamos quando nascemos.

Este conceito de sensus divinitatis – que no passado se encontrava no domínio de teólogos marginais e Fundamentalistas Cristãos – está a receber confirmação por parte duma fonte pouco provável, nomeadamente, das pesquisas científicas.

Criança_VelaOs estudos que estão a ser levados a cabo estão a mostrar de modo gradual que a crença em Deus – ou algum outro aspecto geral do teísmo – pode estar embutida na própria essência das suposições humanas desde o momento de nascimento, e permanecer intacto, mesmo junto dos ateus.

No seu estudo de 2004 com o título de “Are Children ‘Intuitive Theists”, a Psicóloga Deborah Kelemen reuniu uma vasta gama de pesquisas que sugeriam que, começando na sua infância, as crianças têm uma suposição de que o mundo à sua volta foi criado, de que existe um propósito, e que as coisas dentro do mundo natural têm um design intencional. Assim diz Kelemen:

…embora as crianças não sejam totalmente indiscriminadas, elas exibem no entanto um viés geral que as leva a tratar os objectos e os comportamentos como existindo com um propósito, (Kelemen, 1999b, 1999c, 2003; but see Keil, 1992) e estão, de forma geral, inclinadas a olhar para os fenómenos naturais como intencionalmente criados, embora seja por parte dum agente não-humano. (Evans, 2000b, 2001; Gelman & Kremer, 1991).

No ano de 2011, num estudo de Oxford com o título de “Humans ‘predisposed’ to believe in gods and the afterlife“, foi apurado que, através de toda a variedade de culturas, as pessoas não só estão instintivamente mais inclinadas para a crença em Deus, mas também numa natureza dualista – isto é, que os seres humanos são, ao mesmo tempo, seres físicos e seres não-físicos.

Os pesquisadores salientaram que o seu projecto não tinha como objectivo provar a existência de Deus ou algo que se pareça, mas apenas e só verificar se conceitos tais como deuses e o Além eram totalmente ensinados, ou se eram expressões básicas da natureza humana.

O estudo apurou que, independentemente da cultura, os instintos humanos tendiam a ser os mesmos quando o tópico eram os conceitos de Deus e do Além. Tal como a pesquisa de Kelemen, este estudo analisou as suposições fundamentais das crianças pequenas.

Foi perguntado às crianças se a sua mãe saberia o que se encontrava dentro duma caixa que ela não conseguia ver. As crianças com três anos acreditavam que a sua mãe e Deus sempre saberiam o que se encontrava dentro das caixas, mas quando as crianças atingiam os 4 anos de idade, as crianças começavam a entender que as suas mães não era omnipresentes e nem omniscientes. No entanto, as crianças podem continuar a acreditar em seres sobrenaturais omniscientes e omnipresentes, tais como um deus ou deuses.

Também os adultos foram examinados para ver que tipo de crenças instintivas eles poderiam ter.

Experiências envolvendo adultos …. sugerem que pessoas das mais variadas culturas instintivamente acreditam que alguma parte da sua mente, alma ou espírito, continua a existir depois da morte.

Acreditem ou não, este experiência alargou-se também até à secção ateísta da população. Num estudo de 2011 com o título de “Anger toward God: Social-cognitive predictors, prevalence, and links with adjustment to bereavement and cancer“, pessoas que se identificam como ateístas foram testadas com imagens e palavras relacionadas com Deus. Em um número estatisticamente significativo, estas imagens e palavras desencadearam sentimentos de raiva. Raiva não contra a religião ou contra as religiões mas contra Deus.

Mais ainda, estudos sugeriram que até os cientistas ou os altamente racionais, quando forçados a responder rapidamente perguntas relativas ao “porquê”, tenderão a dar respostas que sugerem intencionalidade e design na natureza (e não um processo mecânico). Neil Degrasse Tyson, cientista popular e a voz da imensamente bem sucedida  série “Cosmos”, expressou sua frustração em relação ao termo “Ateu”:

…. é estranho que a palavra “Ateu” exista. Eu não jogo golfe. Existe alguma palavra para os não-jogadores de golfe? Será que os não-jogadores de golfe se reúnem e avançam com estratégias? Existe alguma palavra para os não-practicantes de esqui? Será que eles se encontram e falam do facto de não practicarem esqui?

Eu não consigo fazer isso. Não me consigo reunir com outras pessoas para discutir o porquê de ninguém que está na sala acreditar em Deus.

No entanto, esta pesquisa pode sugerir o porquê do termo “Ateu” ser necessário. Segundo o Professor Roger Trigg, Co-Director do projecto,

Este projecto sugere que a religião não se limita a ser algo peculiar que algumas poucas pessoas fazem ao Domingo, em vez de irem jogar golfe. Conseguimos reunir um corpo de evidências que sugerem que a religião é u facto comum na natureza humana através de todas as sociedades.

Isto sugere que as tentativas de se suprimir a religião são muito provavelmente de curta duração visto que o pensamento humano parece enraizado em conceitos religiosos, tais como a existência de agentes sobrenaturais ou deuses, e a possibilidade de vida para além da morte ou antes da vida.

http://exm.nr/1Kjkyvj

* * * * * * *

Embora a natureza espiritual do ser humano seja um problema para os naturalistas, ela tem uma explicação Bíblica que está de acordo com as pesquisas:

Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também colocou no coração do homem o desejo profundo pela eternidade – Eclesiastes 3:11

Uma vez que fomos criados por Deus, e visto que Deus Quer-Se dar a conhecer ao ser humano (Deut 4:29) faz sentido que Ele tenha construído o ser humano predisposto para o sobrenatural (“eternidade”).

Por outra lado, a posição anti-científica e ilógica de que ser humano nada mais é que o efeito dum processo aleatório, natural, sem propósito, sem finalidade, não fornece as ferramentas necessárias para explicar a natureza humana.

About Mats

Salmo 139:14 - Eu Te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as Tuas obras
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13 Responses to Pesquisas recentes podem confirmar que ninguém nasce ateu.

  1. É apenas mais um mito neo-ateísta. Não é possível sequer alguém ser ateu sem saber o que é Deus ou divindade. Se seguirmos a lógica neo-ateísta, podemos dizer que ser ateu é tão racional quanto uma pedra ou outro objeto inanimado.

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  2. eiffel65 says:

    Nascer crente ou ateu propriamente ninguém nasce, mas há crianças que nascem com mais propensão genética para uma coisa ou para outra: http://academicatheism.tumblr.com/post/123391078281/why-doesnt-everyone-believe-in-god-the

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    • Miguel says:

      Nascer crente ou ateu propriamente ninguém nasce.

      Então os ateus que dizem que “todos nascemos ateus” estão errados? (Mats)

      Mats

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      • eiffel65 says:

        Depende da definição de ateísmo que eles estão a usar. Em todo os caso devem deixar clara qual é.

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  3. eiffel65 says:

    A definição que eu estava a considerar aqui não é apenas quem não acredita em deuses (em geral), mas quem não acredita em deuses depois de reflectir/pesquisar sobre o assunto.

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  4. Othon says:

    Santo Agostinho, em suas Cofissões, escreve: “Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-Te. Tu mesmo que incitas ao deleite no Teu louvor, porque nos fizeste para Ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em Ti descanso” (Santo Agostinho de Hipona, Confissões)

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  5. Dalton says:

    Na realidade, este artigo demonstra que todo ser humano nasce acreditando em Deus, teísta, porém ele não conhece o termo nem as idéias por trás.

    Com o tempo, estudos, frustrações, alegrias, etc, ele pode pender para um lado ou para o outro (ateu ou teísta), de forma “consciente”.

    Como conclusão, acreditar no sobrenatural é algo natural ao ser humano.

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    • eiffel65 says:

      Todo o ser humano? Um só estudo dará para generalizar para a população inteira?

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      • eiffel65 says:

        Perdão, 2 estudos (indicados aqui no texto)?

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      • eiffel65

        É um tanto óbvio que qualquer ser humano normal, se fosse colocado, por exemplo, sozinho na selva para sobreviver por conta própria, seria teísta. É pura besteira evolucionista o acaso, nenhuma pessoa vai vir naturalmente a acreditar que ele faz todas as coisas.

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  6. dvilllar says:

    do post
    “Por outra lado, a posição anti-científica e ilógica de que ser humano nada mais é que o efeito dum processo aleatório, natural, sem propósito, sem finalidade, não fornece as ferramentas necessárias para explicar a natureza humana.”

    Os evolucionistas nunca conseguiram encaixar o ser humano num galho da árvore de Darwin, de forma estivesse de acordo com a “natureza animal do homem”, conforme eles sempre afirmaram.

    O homem é tão único e tão diferente de todos animais, que mesmo os “bilhões de anos” não foram capazes de produzir um parentesco homem/animal que fizesse sentido e estivesse de acordo com a lógica evolucionista.

    Há quase cem anos, Gilbert Chesterton, este sim um gênio de verdade…

    “A verdade mais simples acerca do homem é que ele é um ser muito estranho: quase no sentido de ser um estranho sobre a terra. Sem nenhum exagero, ele tem muito mais da aparência exterior de alguém que surge com hábitos alienígenas de outro mundo do que da aparência de um mero desenvolvimento deste mundo. Ele tem uma vantagem injusta e uma injusta desvantagem. Ele não consegue dormir na própria pele; não pode confiar nos próprios instintos. Ele é ao mesmo tempo um criador movendo mãos e dedos miraculosos, e uma espécie de deficiente. Anda envolto em faixas artificiais chamadas roupas; escora-se em muletas artificiais chamadas móveis. Sua mente tem as mesmas liberdades duvidosas e as mesmas violentas limitações. Ele é o único entre os animais que se sacode com a bela loucura chamada riso: como se houvesse vislumbrado na própria forma do universo algum segredo que o próprio universo desconhece. Ele é o único entre os animais que sente a necessidade de desviar seus pensamentos das realidades radicais do seu próprio ser físico; de escondê-las como se estivesse na presença de alguma possibilidade superior que origina o mistério da vergonha.”
    O Homem Eterno

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    • jephsimple says:

      “Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo.”

      C.S. Lewis

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      • dvilllar says:

        Jephsimple

        O “Homem Eterno” foi um dos livros que trouxe C. S. Lewis de volta ao Cristianismo, “curando-o” do ateísmo.

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