A ciência é arma contra o ateísmo e não contra Deus

Por Eric Metaxas

Is_God_DeadNo ano de 1966, a revista Time teve uma capa onde se lia, “Será que Deus Está Morto?” Muitos aceitaram a narrativa cultural de que Ele é Obsoleto, e que à medida que a ciência avança, há cada vez menos necessidade de um “Deus” para explicar o universo. No entanto, parece que os rumores da morte de Deus foram largamente prematuros. Ainda mais espantoso é que o relativamente recente argumento em favor da Sua existência chega-nos duma fonte surpreendente: da própria ciência.

Eis a história: no mesmo ano em que a Time exibiu a famosa capa de revista, o astrónomo Carl Sagan anunciou que existiam dois critérios importantes para que um planeta tenha a capacidade de suportar vida: o tipo de estrela certo, e um planeta à distância certa dessa estrela. Dados os (mais ou menos) octilhões de planetas no universo – 1 seguido de 27 zeros – deveriam existir septilhões – 1 seguido de 24 zeros – de planetas capazes de conter a vida.

Com probabilidades tão espectaculares, a “Search for Extraterrestrial Intelligence”, uma enorme e dispendiosa colecção de projectos (financiada com dinheiros públicos e privados) iniciada nos anos 60, estava segura de que rapidamente encontraria algo. Usando uma vasta rede rádio-telescópica, os cientistas escutaram por sinais com a aparência de inteligência codificada, e não aqueles que eram puramente aleatórios.

Mas à medida que os anos foram passando, o silêncio do universo era ensurdecedor. O Congresso Americano deixou de financiar a SETI em 1993, mas a busca prosseguiu, mas desta vez com verbas privadas. Até 2014, os pesquisadores descobriram precisamente nada – 0 seguido dum vazio.

O que foi que aconteceu? À medida que o nosso conhecimento foi aumentando, tornou-se cada vez mais claro que existiam muitos mais factores necessários para a vida do que aqueles que Sagan havia suposto. Os seus dois parâmetros aumentaram para 10, e depois para 20, e depois para 50, o que causou a que o número de planetas com a capacidade de suportar a vida tenha diminuido; o número foi reduzido para alguns milhares de planetas e o número tem caído desde então.

Até mesmo os defensores do projecto SETI reconhecem o problema. Em 2006 Peter Schenkel escreveu um artigo para a revista “Skeptical Inquirer” onde dizia:

À luz dos mais recentes achados e à luz dos novos pontos de vista, parece apropriado colocar de parte a euforia excessiva….  Se calhar o melhor é admitir calmamente que as estimativas iniciais . . . podem já não ser sustentáveis . .

À medida que os factores continuaram a ser descobertos, o número de planetas possíveis baixou para zero, e continuou a avançar. Dito por outras palavras, as probabilidades voltaram-se contra a ideia de algum planeta do universo vir a poder ter vida, incluindo o planeta Terra. As probabilidades indicam que nós não deveríamos estar aqui.

Actualmente, existem mais de 200 parâmetros conhecidos necessários para que haja vida num planeta – cada um destes parâmetros tem que ser satisfeito ou então tudo entra em descalabro. Sem um planeta gigantesco como Júpiter por perto, cuja gravidade irá atrair os asteróides, o número destes asteróides a atingir a Terra seria mil vezes superior.

As probabilidades de vida no universo são pura e simplesmente assombrosas, no entanto, aqui estamos nós, não só a existir, mas também a falar dessa mesma existência. O que pode explicar tal facto? Será que cada um destes parâmetros foi satisfeito por acidente? A que ponto é justo admitir que a ciência sugere que nós não podemos ser o efeito de forças aleatórias?

Será que assumir que Uma Inteligência criou estas condições perfeitas não requer menos fé do que acreditar que esta Terra, com a capacidade de suster a vida, pura e simplesmente conseguiu superar as probabilidades inconcebíveis para poder começar a existir?

E há mais.

A afinação perfeita necessária para que a vida exista não se compara em nada com a afinação perfeita necessária para que o universo venha a existir. Por exemplo, os astrofísicos sabem hoje que os valores das quatro forças fundamentais – força da gravidade, força electromagnética, força nuclear “forte”, e  força nuclear “fraca” – foram determinadas menos de um milionésimo de segundo depois do big bang [sic]. Se um destes valores fosse alterado, o universo nunca poderia existir.

Por exemplo, se por acaso o rácio entre a força nuclear forte e a força electromagnética estivessem minimamente mal ajustadas – por exemplo, uma parte em  100,000,000,000,000,000 – então nenhuma estrela se formaria. (Fiquem à vontade para engolir em seco).

Multipliquem só esse parâmetro por todas as outras condições necessárias, e as probabilidades contra a existência do universo são tão astronomicamente gigantescas que qualquer noção em favor da tese de que “aconteceu por acaso” está contra o senso comum. Seria como lançar uma moeda e ela dar caras 10 quintilhões de vezes seguidas. Alguém acredita nisto?

c. 1950s

c. 1950s

Fred Hoyle, o astrónomo que cunhou o termo “big bang”, disse que o seu ateísmo foi “gravemente perturbado” com estes desenvolvimentos. Mais tarde, ele escreveu que “uma interpretação dos factos com base no senso comum sugere que Um Super Intelecto andou a brincar com a Física, tal como com a Química e com a Biologia….Os números que calculamos a partir dos factos parecem tão sobrepujantes que parecem estabelecer esta conclusão para além de qualquer dúvida.”

O físico Paul Davies afirmou que “a aparência de design é sobrepujante”, e John Lennox, professor de Oxford, disse que “quanto mais nos conhecemos o nosso universo, mais a hipótese de que existe Um Criador ganha credibilidade como a melhor explicação do porquê nós estarmos aqui.”

O maior milagre de todos os tempos, sem nada que esteja remotamente perto, é o universo. Este é o milagre dos milagres, e um que, com o brilho combinado de todas as estrelas, inelutavelmente aponta para algo – ou para Alguém – que está para além do universo.

https://archive.is/PclmM

* * * * * * *

Devido às probabilidades assombrosas contra a origem gradual e aleatória do universo, é  hilariante ver ateus menos informados a tentar usar a ciência como arma com Deus. Claramente, a ciência nunca pode ser evidência contra o Criador visto que a ciência tenta estudar aquilo cuja existência é melhor explicada como efeito de criação – isto é, o universo.

Como sempre a Bíblia já nos tinha alertado para o facto do universo ser uma evidência em favor do Criador visto que o Salmo 19:1 diz:

000_Salmo_19

About Mats

"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
This entry was posted in Biologia and tagged , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Bookmark the permalink.

12 Responses to A ciência é arma contra o ateísmo e não contra Deus

  1. Ana Silva says:

    A primeira vez que li este texto fiquei com a impressão de que o seu autor, Eric Metaxas, estava a apresentar um elaborado argumento de incredulidade pessoal, com duas vertentes:
    – A probabilidade de existir outro planeta com vida é muito, muito improvável, logo (podemos extrapolar que) é impossível.
    – A relação entre os diferentes parâmetros necessários para explicar a existência do Universo é demasiado “perfeita” para poder ser obra do acaso.

    Eu aceito que qualquer pessoa possa, a nível pessoal, considerar este argumento como suficiente. Os físicos Fred Hoyle e Paul Davies, indicados por Metaxas, parecem ser um bom exemplo disso. Mas eu acredito que a ausência de uma explicação alternativa, por si só, é uma justificação muito fraca e imprópria para a existência do Divino e para a Sua Acção na Terra.

    Existe também um problema importante com o recurso a um argumento de incredulidade pessoal como justificação da existência do Divino: O que acontece caso se encontre uma resposta alternativa?

    O argumento de Metaxas contra a existência de vida fora do planeta Terra falha porque avalia APENAS a probabilidade de existência de vida semelhante à vida multicelular terrestre. Mas nada garante que não possam existir outros tipos de vida, adaptados a planetas com outras características. A própria Terra apresenta exemplos disso, como as bactérias chamadas “extremófilas”, que vivem em ambientes extremos (valores muito baixos ou muito altos de pH, temperaturas elevadas, etc.) ou as bactérias anaeróbias (que vivem em ambientes sem oxigénio).

    Será que outras condições (que não as que encontramos na Terra) poderão permitir o desenvolvimento de vida inteligente? Pessoalmente não sei. Não tenho conhecimento suficiente para conseguir responder a essa questão. Mas baseada no meu conhecimento aceito a possibilidade de que fora da Terra possam existir formas de vida mais simples.

    Quanto à relação perfeita entre os parâmetros do Universo, pessoalmente penso que estas apenas demonstram o desconhecimento que ainda temos. E, pessoalmente, tenho muitas dúvidas de que a ciência consiga responder a esta questão… pelo menos nos próximos anos. Adoraria estar errada.

    Encontrei duas críticas ao texto original de Eric Metaxas (ambas em inglês) que explicam/complementam o meu comentário:
    http://theness.com/neurologicablog/index.php/the-science-of-god/;
    https://richarddawkins.net/2014/12/letter-to-the-editor/

    Nota: Foi realmente Fred Hoyle, quem “cunhou o termo “big bang””. Mas fê-lo de uma forma sarcástica, num programa de rádio. O termo acabou por “pegar” entre a comunidade científica em alternativa ao então termo oficial. Na verdade Hoyle era completamente contra a teoria do Big Bang e passou grande parte da sua carreira a combater esta teoria científica, tentando encontrar hipóteses alternativas plausíveis. De certa forma Hoyle é um exemplo do que Thomas Kuhn refere como “resistência à mudança de paradigma”.

    Like

    • Lucas says:

      Mas eu acredito que a ausência de uma explicação alternativa, por si só, é uma justificação muito fraca e imprópria para a existência do Divino e para a Sua Acção na Terra.

      O argumento central usado por Hoyle e por Eric é o probabilístico e não “a ausência de uma explicação alternativa”. Isso é que levou Fred Hoyle a dizer “uma interpretação dos factos com base no senso comum sugere que Um Super Intelecto andou a brincar com a Física, tal como com a Química e com a Biologia….Os números que calculamos a partir dos factos parecem tão sobrepujantes que parecem estabelecer esta conclusão para além de qualquer dúvida.”
      Ou seja as probabilidades associadas às constantes da física e da química e de tudo o possibilidade a vida na Terra, fazem da hipótese naturalista totalmente inaceitável. Ou a Ana realmente acredita que é possível alguém “lançar uma moeda e ela dar caras 10 quintilhões de vezes seguidas.”?

      Devemos nós ficar à espera “duma resposta alternativa” ou devemos ficar com aquela que melhor explica os dados à nossa dispozição?

      Mats

      Like

      • Ana Silva says:

        Mats:

        “O argumento central usado por Hoyle e por Eric é o probabilístico e não “a ausência de uma explicação alternativa”.”

        Como é calculada essa probabilidade? E para que tipo de vida?

        Desconfio que não terá compreendido bem a primeira parte do meu comentário, Mats. A questão não é apenas uma questão de probabilidade. É que o autor do post, Eric Metaxas, apenas parece considerar a probabilidade de existir vida COMO A QUE CONHECEMOS na Terra.

        Realmente a probabilidade de existir vida como a que conhecemos na Terra deve ser bastante reduzida, tendo em conta todos os parâmetros que sabemos ser necessários. Mas existem muitas estrelas só na nossa Via Láctea, quanto mais se formos considerar todas as galáxias conhecidas e a isso ainda somarmos todas as estrelas (estimadas) que não estão associadas a uma galáxia.

        Para ter uma comparação, a probabilidade de eu ganhar o primeiro prémio do euro milhões é muito reduzida (1 em 116 milhões segundo uma notícia do Observador – http://observador.pt/2014/10/23/quer-ganhar-o-euromilhoes-e-mais-provavel-ter-gemeos-siameses/). No entanto por ano surgem pelo menos 10 novos milionários à conta desta lotaria.

        Sendo assim quantas “Terras” existirão em TODO o Universo?

        Mas o mais importante é que um ser vivo é aquele capaz de reprodução, manutenção e resposta a estímulos externos. Ou seja um ser vivo NÃO TEM DE SER forçosamente igual a nada que nós conhecemos e, principalmente, não tem de ser algo multicelular.

        A ser assim a possibilidade de existir vida fora da Terra torna-se muito maior. Já não está obrigatoriamente dependente de uma estrela com as características do Sol ou de um planeta com as características de Júpiter. Também não é necessário que o planeta com vida seja forçosamente como a Terra, com o seu eixo de rotação inclinado, a sua tectónica de placas e o grande satélite que a acompanha.

        Dai as minhas perguntas iniciais: Como é calculada a probabilidade de vida? E para que tipo de vida?

        “Ou a Ana realmente acredita que é possível alguém “lançar uma moeda e ela dar caras 10 quintilhões de vezes seguidas.”?”

        Como eu disse, todos os anos uma dezena de apostadores ganha o euromilhões.

        “Devemos nós ficar à espera “duma resposta alternativa” ou devemos ficar com aquela que melhor explica os dados à nossa disposição?”

        Se nos últimos 2000 anos nos tivéssemos limitado apenas a “ficar com [a resposta] que melhor explica os dados à nossa disposição”, Mats, nós (pelo menos em Portugal) ainda vivamos (como) no Império Romano.

        A ciência e a tecnologia não são estáticas, Mats, e estão sempre à procura “duma resposta alternativa” (uma “procura activa” e não uma “espera passiva”). Essa é a sua essência e é por isso que o Mundo avança.

        Like

      • Miguel says:

        Ana

        “O argumento central usado por Hoyle e por Eric é o probabilístico e não “a ausência de uma explicação alternativa”.”

        “Como é calculada essa probabilidade?”

        Pelo que vi, deve ser algo do tipo que leva em conta o número de factores necessários para a vida, e a probabilidade dos mesmos estarem tão bem ajustados para a vida na Terra.

        E para que tipo de vida?

        A vida que se conhece.

        Desconfio que não terá compreendido bem a primeira parte do meu comentário, Mats. A questão não é apenas uma questão de probabilidade. É que o autor do post, Eric Metaxas, apenas parece considerar a probabilidade de existir vida COMO A QUE CONHECEMOS na Terra.

        Se encontramos “outros tipos de vida”, então iremos falar dela. Por enquanto, falamos “da vida como a que conhecemos na Terra”, e a mesma cuja existência refuta o gradualismo evolutivo.

        Mats

        Like

      • Ana Silva says:

        Mats:

        “Se encontramos “outros tipos de vida”, então iremos falar dela. Por enquanto, falamos “da vida como a que conhecemos na Terra”, e a mesma cuja existência refuta o gradualismo evolutivo.”

        Mas a probabilidade de se encontrar “outros tipos de vida” ou de se encontrar apenas a “vida como a que conhecemos na Terra” devem ser muito diferentes, com a primeira a ser bastante superior à segunda (porque os constrangimentos à partida são bastante menores).

        E é preciso não esquecer que mesmo na Terra existem micro-organismos adaptados a condições extremas de temperatura, pH, etc. Quem nos garante que o mesmo não pode acontecer fora da Terra?

        É por isso que se deve considerar (em primeiro lugar, até) a possibilidade de se encontrar “qualquer tipo de vida”. E não ficarmos limitados apenas à probabilidade de se encontrar “vida como a que conhecemos na Terra”.

        Nota: Os organismos terrestres estão “tão bem ajustados para a vida na Terra” por causa da selecção natural, um mecanismo que já se observou estar em acção. Por isso organismos a viver noutro planeta teriam de estar, forçosamente, “tão bem ajustados para a vida [nesse planeta]”. Logo, a expressão “e a probabilidade dos mesmos estarem tão bem ajustados para a vida na Terra” não é aplicável.

        Like

      • Cícero says:

        Prezada,
        Como eu disse, todos os anos uma dezena de apostadores ganha o euromilhões.

        Parece que tu esqueces que todas as condições necessárias para tal sorteio são produtos de designers inteligentes gerando designs ordenados – pessoas, bilhetes, dinheiro, processos, equipamentos, construções, condições, ambiente.
        O nada, acaso, sorte e caos aleatórios cegos (entidades inexistentes) também teriam que gerar todas essas condições necessárias!
        Ainda assim, este sorteio teria mais chances que os 10 quintilhões de vezes citados no artigo.
        Admirável, formidável e desconcertante mesmo, é tua fé nessas entidades inexistentes…

        Like

      • Ana Silva says:

        Cícero:

        “Parece que tu esqueces que todas as condições necessárias para tal sorteio são produtos de designers inteligentes gerando designs ordenados – pessoas, bilhetes, dinheiro, processos, equipamentos, construções, condições, ambiente.”

        Confesso a minha perplexidade perante o seu exemplo, Cícero. É claro que qualquer loteria implica uma logística de pessoas e instrumentos. No entanto os números sorteados continuam a ser aleatórios. Senão quem jogaria na lotaria?

        Se quer ter um exemplo natural de loteria, envolvendo entidades “complexas” mas “não humanas”, existem vários cancros raros, que atingem muito poucas pessoas por ano a nível mundial. Esses cancros são uma dolorosa recordação da aleatoriadade dos processos biológicos envolvendo a replicação de DNA.

        “O nada, acaso, sorte e caos aleatórios cegos (entidades inexistentes) também teriam que gerar todas essas condições necessárias!”

        O acaso e o aleatório existem e gerem muitos processos naturais (a radioactividade é um dos exemplos mais simples). Logo não podem ser classificados como “entidades inexistentes”)

        O termo “condições necessárias” também não é muito correcto. Mesmo no nosso planeta é muitas vezes a vida que se adapta às condições físicas e não o contrário. Por isso é que é (a meu ver) quase impossível poder determinar com grande certeza a probabilidade de existência de vida (qualquer tipo de vida) fora da Terra.

        “Admirável, formidável e desconcertante mesmo, é tua fé nessas entidades inexistentes…”

        Segundo a sua definição Cícero, a radioactividade é fruto de uma “entidade inexistente”. Depreendo por isso que não terá problemas em habitar ano após ano numa casa construída em granito.

        Já eu, baseada nos meus conhecimentos e na tal “fé [em] entidades inexistentes” nunca faria tal coisa.

        Passo a explicar: o granito possui muitas vezes vestígios do radioactivo urânio, que no seu decaimento se transforma em radão. O radão é, também ele, um elemento radioactivo. À temperatura ambiente o radão é um gás que emana das paredes de granito. Inspirado pelos moradores incautos das casas feitas de granito pode provocar cancro.

        Mas, volto a repetir, depreendo que o Cícero não terá problema nenhum em viver numa casa de granito… visto que não tem qualquer fé em “entidades inexistentes”.

        Nota: Imagino que o Cícero seja brasileiro (Cícero não é um nome próprio muito comum em Portugal) e que tenha usado inocentemente a palavra “presada”, sem conhecimento do que pode significar para os leitores portugueses. É que em Portugal a palavra “prezada” é muitas vezes usada com um sentido sarcástico próximo do escárnio, para significar exactamente o contrário do que é definido no dicionário. Principalmente se é dirigido durante um debate entre estranhos com opiniões opostas. Mas num debate o escárnio é muitas vezes um sinal de fraqueza, o recurso de quem não tem realmente argumentos válidos.

        Like

      • Cícero says:

        Cara ou estimada Ana,

        Confesso a minha perplexidade perante o seu exemplo, Cícero. É claro que qualquer loteria implica uma logística de pessoas e instrumentos

        Logo, tu deverias concordar que tal sistema implica e demanda processos inteligentes ordenados para funcionar eficazmente, racionalmente.

        No entanto os números sorteados continuam a ser aleatórios. Senão quem jogaria na lotaria?

        Os números limitados; (construídos de forma específica e inteligente) obedecem um padrão determinado, demarcado e dirigido de aleatoriedade pré-definido por um designer (homem).

        Se quer ter um exemplo natural de loteria, envolvendo entidades “complexas” mas “não humanas”, existem vários cancros raros, que atingem muito poucas pessoas por ano a nível mundial. Esses cancros são uma dolorosa recordação da aleatoriadade dos processos biológicos envolvendo a replicação de DNA.

        Mas tais cancros possuem uma causa originadora e não simplesmente randômica.
        Sabemos que anomalias como doenças genéticas, são causadas pela negligência do homem desde muito tempo: poluição, contaminação, radiações, destruição, venenos, má alimentação, excesso de produtos químicos nos alimentos na cidade, no campo e materiais diversos, pesquisas biológicas militares, guerras químicas etc, tudo isso podem gerar anomalias orgânicas como já provado.

        Ainda assim, há notáveis mecanismos moleculares genéticos de reparação (criados pelo Criador) corrigindo muitas vezes tais defeitos e erros nos sistemas biológicos – ex. raios solares em nossa pele. Caso contrário, a aleatoriedade cega inconsequente (evolução sem direção) já teria levado ao caos e extinção a nós todos e aos outros seres vivos.
        Inclui-se também a Queda do homem e afastamento de Deus; como causas destas anomalias nesta área biológica nos seres vivos gerando a entropia genética desde os primórdios da humanidade.

        O acaso e o aleatório existem e gerem muitos processos naturais (a radioactividade é um dos exemplos mais simples). Logo não podem ser classificados como “entidades inexistentes”)

        Entidade demanda um ser racional ou não, inteligente ou não, ativo, mas não inanimado. O acaso não tem poder de fazer nada. Ele é cósmico, total, e inteiramente impotente. Ele não é uma entidade. E não-entidades não tem poder porque inexistem. Se não tem poder real de existência ativa, então não é nada; mas o nada não poder gerar algo, porque nem existe.

        A radioactividade possui uma causa física: é um fenômeno natural ou artificial gerado por características peculiares químicas/físicas de certos elementos da natureza, ou criados pelo homem (designer). Mas o acaso não teve qualquer influência nessas propriedades singulares desses elementos, pois são determinados por leis físicas pre-estabelecidas regularmente. E o acaso não se submete à Leis Universais.

        O termo “condições necessárias” também não é muito correcto. Mesmo no nosso planeta é muitas vezes a vida que se adapta às condições físicas e não o contrário.

        Concordo. As adaptações são um fato observável na natureza – algo contrário a uma suposta evolução biológica. Simples, se o organismo SE ADAPTA – não precisaria evoluir…

        Por isso é que é (a meu ver) quase impossível poder determinar com grande certeza a probabilidade de existência de vida (qualquer tipo de vida) fora da Terra.

        Concordo. Mas também não podemos afirmar que inexiste tal vida (ainda que microscópica).
        Bem, dizem que há mais planetas no universo que os grãos de areia das praias da terra. Mas seria possível achar um grão de açúcar nesses grãos de areia sem uma Causa inteligente criadora???

        Segundo a sua definição Cícero, a radioactividade é fruto de uma “entidade inexistente”.

        Não, nesse caso ela possui causas bem definidas submetidas às leis naturais desses materiais radioactivos.

        o granito possui muitas vezes vestígios do radioactivo urânio, que no seu decaimento se transforma em radão. O radão é, também ele, um elemento radioactivo. À temperatura ambiente o radão é um gás que emana das paredes de granito. Inspirado pelos moradores incautos das casas feitas de granito pode provocar cancro.

        As leis científicas lidam com o regular, não o irregular (como o acaso se encaixa). E as leis da física não causam nada; apenas descrevem a maneira como as coisas acontecem regularmente no mundo como resultado de causas físicas naturais.

        Imagino que o Cícero seja brasileiro…

        Acertou!

        e que tenha usado inocentemente a palavra “presada”, sem conhecimento do que pode significar para os leitores portugueses.

        Sim, usei inocentemente mas acertadamente, ou seja, no seu significado original.
        Grato, por esse conhecimento lusitano que eu desconhecia! 🙂

        Saudações.

        Like

      • Ana Silva says:

        Cícero:

        “Logo, tu deverias concordar que tal sistema implica e demanda processos inteligentes ordenados para funcionar eficazmente, racionalmente.”
        “Os números limitados; (construídos de forma específica e inteligente) obedecem um padrão determinado, demarcado e dirigido de aleatoriedade pré-definido por um designer (homem).”

        Existe um sistema de apoio à lotaria, sim. Mas a escolha dos números sorteados é à mesma aleatória. É por isso que passam várias semanas sem que exista um vencedor.

        Você, Cícero, foca-se no acessório: é verdade que existe um sistema por detrás da loteria, mas o resultado é sempre aleatório. A única coisa que se tem a certeza é que quem não aposta não ganha. Que o Cícero se recuse a admitir a importância deste facto é algo que só prejudica a si. Não contraria a veracidade do que eu comentei.

        “Mas tais cancros possuem uma causa originadora e não simplesmente randômica.”

        A causa é uma mutação. O aparecimento da mutação é “randômica”. Nem todas as pessoas que fumam desenvolvem cancro dos pulmões, nem todos os trabalhadores com produtos tóxicos desenvolvem cancro e por ai adiante. Mais importante ainda: todos os anos em todo o mundo aparecem cancros em adultos jovens, sem predisposições genéticas, com uma vida saudável e um trabalho não perigoso. Esses cancros não são “causadas pela negligência do homem desde muito tempo”, não são provocados pela “poluição, contaminação, radiações, destruição, venenos, má alimentação, excesso de produtos químicos nos alimentos na cidade, no campo e materiais diversos, pesquisas biológicas militares, guerras químicas”.

        São cancros puramente “randómicos”: uma simples mutação, na sequência de uma divisão celular, que fica por reparar. Infelizmente acontece.

        É o próprio Cícero que acaba por admitir, quando se refere à existência de “notáveis mecanismos moleculares genéticos de reparação”, que servem para “[corrir] muitas vezes tais defeitos e erros nos sistemas biológicos” Porque, como o Cícero concluiu, e bem, “caso contrário, a aleatoriedade cega inconsequente […] já teria levado ao caos e extinção a nós todos e aos outros seres vivos.”

        “A radioactividade possui uma causa física: é um fenômeno natural ou artificial gerado por características peculiares químicas/físicas de certos elementos da natureza, ou criados pelo homem (designer).”

        E uma descrição simplista mas aceitável da radioactividade, sim. Os núcleos de certos átomos são instáveis e têm tendência para se desintegrar. Mas, ao contrário do que diz, Cícero, a desintegração dos núcleos de átomos radioactividade NÃO “são determinados por leis físicas pre-estabelecidas”. As “leis físicas” também não são “pré-estabelecidas”, elas limitam-se a DESCREVER os fenómenos físicos.

        Aconselho-lhe a leitura do site http://www.if.ufrgs.br/cref/radio/capitulo2.htm, de onde segue a seguinte citação.

        “Suponha que você tem um certo nuclídeo e que ele é radioativo. Ë certo que ele irá se desintegrar. Mas quando isto ocorrerá? Não dá para dizer! Não se pode ter certeza de que vai ser já ou daqui a cinqüenta anos. Se não se pode falar de certezas, pode-se falar de probabilidades: se um nuclídeo é muito instável existe uma chance maior de que ele se desintegre antes do que o faça um nuclídeo que seja mais estável. Observando somente um nuclídeo radioativo não se pode falar em probabilidades, no entanto, se observarmos um grande número de átomos com um dado nuclídeo poderemos contar quantos se desintegram no primeiro segundo, quantos no segundo seguinte e assim por diante. O que se constata, fazendo esta experiência, é que para um dado nuclídeo, uma dada fração dos átomos radioativos sempre decairá em um dado tempo.”

        Não podemos dizer quantos e quais os núcleos que se desintegrarão. Mas podemos determinar estatisticamente uma taxa de desintegração ou meia vida (tempo para que uma amostra de material radioactivo se reduza a metade) e a isso chamar a isso “lei física”. Esta “lei física” não foi “pré-estabelecida”, mas sim determinada após estudos cuidados de amostras radioactivas.

        “O acaso não se submete à Leis Universais.” O que acontece é exactamente o contrário. Mais uma ver usando as suas palavras, Cícero: “As leis da física não causam nada; apenas descrevem a maneira como as coisas acontecem regularmente no mundo como resultado de causas físicas naturais.”

        “Dizem que há mais planetas no universo que os grãos de areia das praias da terra. Mas seria possível achar um grão de açúcar nesses grãos de areia sem uma Causa inteligente criadora???”

        Esta analogia, Cícero, só tem força se considerarmos que os grão de areia e os grãos de açúcar são todos iguais entre si. Mas como qualquer frequentador de praia sabe os grãos de areia variam muito em tamanho, cor e aspecto geral.

        Eu tenho uma analogia melhor, Cícero. Não preciso de encontrar um grão de açúcar na areia. Mais facilmente encontro algo mais precioso, como um grão de quartzo ou um grão de opala, ou um grão de outra pedra preciosa. Não é necessária nenhuma “Causa criadora” para encontrar um achado raro e precioso “escondido” por entre os grãos de areia. É só o acaso e a persistência.

        Like

      • Cícero says:

        Ana:

        Existe um sistema de apoio à lotaria, sim. Mas a escolha dos números sorteados é à mesma aleatória. É por isso que passam várias semanas sem que exista um vencedor.

        Tal sorteio, só é possível graças ao ordenado e inteligente sistema de apoio. Tal como o vencedor, é também um ordenado e inteligente ser vivo orgânico.

        Você, Cícero, foca-se no acessório: é verdade que existe um sistema por detrás da loteria, mas o resultado é sempre aleatório. A única coisa que se tem a certeza é que quem não aposta não ganha.

        Este acessório, é essencial e necessário para tal sorteio. Os que não apostam, decidiram inteligentemente não participar de tal sistema inteligente.
        Mesmo o ato do sorteio (por acaso e aleatório) precisa de sistemas inteligentes, ordenados e dirigidos para a ativação.
        Lembre-se, meros elementos químicos ao léu por si mesmos, são inanimados, irracionais, impessoais, incognoscíveis.

        Que o Cícero se recuse a admitir a importância deste facto é algo que só prejudica a si. Não contraria a veracidade do que eu comentei.

        Sua interpretação.
        Há um propósito racional e inteligente por trás da criação de uma mistura aleatória de sequências numéricas num sorteio de loteria. Há um propósito racional específico para a mistura aleatória de dióxido de carbono que expelimos no ar à nossa volta; senão voltaríamos a respirá-lo e morreríamos de falta de ar.
        Nesse sentido, Deus o Criador, e o acaso não são incompatíveis. Contudo, falar sobre a causa do acaso é absurdo e irracional.

        A causa é uma mutação. O aparecimento da mutação é “randômica… São cancros puramente “randómicos”: uma simples mutação, na sequência de uma divisão celular, que fica por reparar. Infelizmente acontece.

        Pelo princípio da causalidade sabemos que todo evento requer uma causa.
        Todo evento tem uma causa adequada. Mesmo causas não físicas como: sentimentais, emocionais, psíquicos, depressão, tristeza, stress podem gerar efeitos físicos negativos no organismo causando as tais mutações/anomalias genéticas.
        Mas sabemos que mutações são degenerativas, destrutivas e não podem melhorar/evoluir o organismo.
        “Mutação não cria nada novo e só destrói o que já existe. São nada mais e nada menos que erros genéticos. As mutações são responsáveis por mais de 1200 doenças existente hoje.”

        LIFE, Enciclopédia Britânica, 2002:
        “A maioria das mutações, entretanto, acabam sendo eliminativas e frequentemente levam a algum enfraquecimento ou à morte do organismo [perca de informação]. Para ilustrar, é improvável que alguém possa melhorar o funcionamento de um relógio bem feito ao jogá-lo do alto de um edifício. O relógio pode até funcionar melhor, mas é muito improvável. Organismos são muito mais complexos do que o mais avançado relógio e qualquer mudança aleatória tem muito maior probabilidade de ser eliminativa.”

        É o próprio Cícero que acaba por admitir, quando se refere à existência de “notáveis mecanismos moleculares genéticos de reparação”, que servem para “[corrir] muitas vezes tais defeitos e erros nos sistemas biológicos”Porque, como o Cícero concluiu, e bem, “caso contrário, a aleatoriedade cega inconsequente […] já teria levado ao caos e extinção a nós todos e aos outros seres vivos.”

        E qual mais racional e sensato? Tais mecanismos corretivos teriam vindos de forças cegas acidentais irracionais aleatórias?? (uma suposta evolução pensaria?) ou de um Ser Pessoal Inteligente introduzindo essas defesas genéticas??

        Os núcleos de certos átomos são instáveis e têm tendência para se desintegrar. Mas, ao contrário do que diz, Cícero, a desintegração dos núcleos de átomos radioactividade NÃO “são determinados por leis físicas pre-estabelecidas”. As “leis físicas” também não são “pré-estabelecidas”, elas limitam-se a DESCREVER os fenómenos físicos.

        Sim, como tu mesmo admites, os núcleos de certos átomos tem a característica de instabilidade. E como o texto citado também concorda com esta singularidade especial (característica) de certos elementos:
        “Suponha que você tem um certo nuclídeo e que ele é radioativo.”
        “O que se constata, fazendo esta experiência, é que para um dado nuclídeo, uma dada fração dos átomos radioativos sempre decairá em um dado tempo.”

        Esta “lei física” não foi “pré-estabelecida”, mas sim determinada após estudos cuidados de amostras radioactivas.

        Tais estudos, descobriram que certos materiais possuem características enquadradas nas leis naturais que regem a radioactividade.

        “O acaso não se submete à Leis Universais.” O que acontece é exactamente o contrário.Mais uma ver usando as suas palavras, Cícero: “As leis da física não causam nada;

        O acaso não pode causar algo. Muito menos o universo e a vida. Leis implicam um Legislador, implicando ordem, controle, manutenção, harmonia, inteligência, regendo todo o universo físico e não-físico.
        Já que o universo manifesta criação inteligente, é razoável supor uma Causa Inteligente Ordenadora Mantenedora pelo efeito produzido a nossa volta.

        Esta analogia, Cícero, só tem força se considerarmos que os grão de areia e os grãos de açúcar são todos iguais entre si. Mas como qualquer frequentador de praia sabe os grãos de areia variam muito em tamanho, cor e aspecto geral.
        Eu tenho uma analogia melhor, Cícero. Não preciso de encontrar um grão de açúcar na areia. Mais facilmente encontro algo mais precioso, como um grão de quartzo ou um grão de opala, ou um grão de outra pedra preciosa

        Mas eles são iguais! eles são meros grãos… e os dois variam em tamanho, cor e aspecto.
        Mas o açúcar refinado branco é complexo e não encontrado naturalmente, exigindo um projetista.
        Igualmente o grão de quartzo ou um grão de opala, ou um grão de outra pedra preciosa por si só são encontrados naturalmente como a areia, mas para se tornarem pedras preciosas precisam de um projetista inteligente na confecção.

        Remetendo a origem da vida. Seria que as CIÊNCIAS exatas como a matemática, comprovam o mito da vida surgindo do acaso.
        A abiogênesis é tão absurda dado que a probabilidade do surgimento de uma molécula de DNA simples, calculada pelo Dr. Frank Salisbury, da Universidade Estadual de Utah, EUA, é de 1 em 10 elevado a 415 (1 dividido por 1 com 415 zeros à direita), o que é considerado impossível matematicamente falando.
        E considera-se já uma impossibilidade matemática 1 dividido por 10 elevado a 50.

        Like

  2. Ana Silva says:

    Mats:

    “Até mesmo os defensores do projecto SETI reconhecem o problema. Em 2006 Peter Schenkel escreveu um artigo para a revista “Skeptical Inquirer””

    Não sei se Eric Metaxas apresenta a referência biográfica no texto original porque o Wall Street Journal não dá acesso gratuito ao artigo. Mas o texto em causa é, muito possivelmente, “SETI Requires a Skeptical Reappraisal” e pode ser consultado em http://www.csicop.org/si/show/seti_requires_a_skeptical_reappraisal/.

    Like

  3. jephsimple says:

    Quero ver o que os evolucionistas vão fazer quando muito da complexidade que eles acham que foi surgindo ao longo dos milhões dos anos, se mostrar presente logo na origem da vida, ou sendo muito generoso com a fé deles, pouquíssimo tempo depois…

    A toda poderosa natural natural, ou melhor seleção natural será o escape  científico ???

    O naturalismo é um abismo absurdo.

    Like

Todos os comentários contendo demagogia, insultos, blasfémias, alegações fora do contexto, "deus" em vez de Deus, "bíblia" em vez de "Bíblia", só links e pura idiotice, serão apagados. Se vais comentar, primeiro vê se o que vais dizer tem alguma coisa em comum com o que está a ser discutido. Se não tem (e se não justificares o comentário fora do contexto) então nem te dês ao trabalho.