Roger Scruton e o darwinismo

Roger Scruton, filósofo inglês, tem isto a dizer sobre o neo-darwinismo:

Durante as duas últimas décadas, no entanto, o Darwinismo invadiu o campo das Humanísticas de uma forma que nem o próprio Darwin teria previsto.

A dúvida e a hesitação deram lugar à certeza, a interpretação foi assumida como uma explicação, e todo o domínio da experiência estética e o análise literária foi reduzida e qualificada como uma “adaptação” – uma parte da biologia humana que existe devido ao benefício que ela confere aos nossos genes.

Já não há necessidade de ponderar sobre o significado da música ou sobre a natureza da beleza da arte. O significado da arte e da música residem no que elas fazem pelos nossos genes. Mal nós nos apercebermos que estas características da condição humana são “adaptações”, provavelmente adquiridas há muitos milhares de anos atrás – durante o tempo dos nossos ancestrais caçadores e recolhedores – nós vamos ser capazes de as explicar.

Nós vamos descobrir o que são a música e a arte ao descobrirmos o que elas fazem.

. . . .

[O problema] é que toda a aproximação da “adaptação” para o fenómeno humano é nebuloso. Envolve uma explicação mecânica, caso a caso, da teoria da selecção natural – como suplementada pela genética moderna.

Ela diz-nos que, se uma característica está difundida pelas espécies, então a mesma foi “escolhida favoravelmente”. Mas isto apenas significa que uma propriedade não é uma má adaptação e que não desapareceria debaixo da pressão evolutiva. É uma observação trivial.

Tudo o que existe poderia ser classificado de “não disfuncional”. Isto não nos diz nada sobre como a característica em questão veio a existir.

Isto é algo que é frequentemente dito a evolucionistas como o Ludwig Krippahl mas que aparentemente não é aceite.

Os evolucionistas ainda não entenderam que afirmar que uma propriedade biológica foi “evolutivamente conservada” não nos diz absolutamente nada sobre a forma como ela veio a existir.

Os críticos da mitologia neo-darwinista não querem saber se uma característica está bem difundida, nem que existem vários tipos do mesmo sistema na biosfera. O que nós queremos que os evolucionistas expliquem ao mundo é como é que um processo não-inteligente, não-planeado (aleatório), sem direcção e sem propósito foi capaz de gerar o tipo de sistemas integrados que vêmos na biosfera.

Se vocês evolucionistas nos dizem que a teoria da evolução torna o Deus Criador “desnecessário”, então a vossa teoria tem que ser capaz de ser uma explicação coerente (e de acordo com as evidências) para a origem das formas de vida. Ou seja, a vossa teoria tem que ser capaz de fazer aquilo que nós Cristãos atribuímos a Deus: criar as formas de vida.

Quando vocês evolucionistas se limitam a dizer como é que um sistema funciona (e não como veio a existir), ou quando dizem que dado atributo foi “conservado através dos milhões de anos”, ou que algo está “propagado” no esquema da vida, dentro do debate Evolução versus Criação, isso não serve de evidência em favor da primeira.


Referência: “Only Adapt: Can science explain art, music and literature?” (Big Questions Online, December 9, 2010)

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"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
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