A mentira e o engano como estratégias evolutivas.

Mentiroso1The Evolution of Lying” [A Evolução da Mentira] do blogue The Conversation, Rob Brooks, professor of Ecologia Evolutiva e Director do  “Evolution & Ecology Research Centre” na Universidade de New South Wales, deu crédito parcial a uma nova teoria em torno da decepção, qualificando-a como um  efeito da evolução da cooperação. O artigo, escrito por dois evolucionistas irlandeses, Luke McNally e Andrew L. Jackson, e publicado pela Royal Society há alguns dias atrás, defende que a mentira é uma estratégia evolutiva:

Os nossos resultados sugerem que a evolução da estratégia condicional pode, para além de promover a cooperação, seleccionar em favor do engano astuto e das habilidades psicológicas associadas. Essencialmente, a nossa habilidade para mentir uns para os outros de modo convincente pode ter evoluído como resultado directo da nossa natureza cooperante.

Brooks concorda que a mentira evoluiu, mas sente que o modelo de McNally e Jackson é demasiado simplista:

Gostaria de saber se isso nos pode ajudar a compreender a tensão subliminar que existe entre a cooperação e a desonestidade dentro dos assuntos humanos. . . . O assunto da mentira é mais abrangente do que apenas representar o mundo de modo errado.

Por exemplo, o mentiroso pode se auto-enganar de modo a tornar a mentirar mais credível.

A partir deste ponto, Brooks considera o pequeno e-book de Sam Harris Lying, onde Harris propõe que todos nós tentamos agir de modo melhor superando as nossas tendências evolutivas, “uma alegação em favor da posição que defende que nós podemos, ao mesmo tempo, simplificar as nossas vidas e construir sociedade melhores dizendo a verdade mesmo em situações onde somos tentados a mentir.

Eis a forma como Brooks termina toda a discussão em torno da mentira e da verdade:

Harris entende os processos bottom-up [de baixo para cima] e o conflito entre o benefício individual e a funcionalidade do grupo. Vale a pena ler o seu livro devido ao seu argumento apaixonado de que cada um de nós, como indivíduos, sairemos beneficiados sempre que resistirmos a vontade de mentir. Eu não estou convencido. O que poderia  ajudar neste momento é alguma evidência teorética e empírica que mostrasse as condições sobre as quais a prescrição de Harris pudessem funcionar. E essa é a beleza de artigos como o artigo de McNally and Jackson.

Independentemente disso, um melhor entendimento da forma como a mentira evoluiu, por mais simples que seja, pode causar um bem social enorme. Para começar, pode ajudar limitar as piores desonestidades na política, nas relações públicas e na propaganda.

A pergunta que nenhum de nós está a considerar é: se a mentira evoluiu, e a auto-decepção é possível, e a decepção pode ser muito convincente, como é que os leitores podem saber quem é que está a dizer a verdade?  Pior ainda, deve-se dizer a verdade?

Fonte

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"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
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1 Response to A mentira e o engano como estratégias evolutivas.

  1. jephsimple says:

    Me permita um pouquinho de humor, eu sei que existem naturalistas respeitosos, essa vai para aqueles que gostam de censurar, desrespeitam quem discorda de sua posição.

    Evoluficção – O ato ou efeito de se imaginar histórias mirabolantes a partir de eventos relacionados à Teoria da Evolução.
    Evolatria – Amor ou paixão exagerada pela Teoria da Evolução e por todo o penteão naturalista.
    Evomaníaco – Diz-se de um darwinista obstinado, teimoso e obcecado pela Teoria da Evolução.
    Evomania – Superestima patológica que alguns evolucionistas tem por tudo o que se relaciona à Teoria da Evolução.
    Evologia – Estudo das questões referentes à Teoria da Evolução, de seus atributos e relações com o mundo, com os homens e com a verdade.
    Evofilia – Arte de colecionar coisas relacionadas à Teoria da Evolução.
    Evódromo – Local onde os evolucionistas se reunem para falar da Teoria da Evolução e exaltar os grandes feitos do naturalista Charles Darwin.
    Evocracia – Sistema ou regime político baseado nos princípios que norteiam a Teoria da Evolução.
    Evoalgia – Dor paroxística, que alguns darwinistas sentem quando tem seus dogmas evolutivos contestados.
    Evogogia – O estudo dos ideais de evolução, segundo uma concepção puramente naturalista.
    Evocatombe – Situação em que ficaram os evolucionistas quando foi lançado o livro “A Caixa Preta de Darwin”.
    Evocida – Evolucionista disposto a morrer pela causa da Teoria da Evolução.
    Evomancia – Adivinhação por meio dos fósseis e outros objetos evolutivos.
    Evografia – Ciência que tem por objeto a perfeita descrição dos fatos relacionados à Teoria da Evolução.
    Evofobia – Horror à Teoria da Evolução.
    Evotarquia – Forma de governo na qual o poder supremo é exercido por um monarca oriundo da linhagem das famílias Wedgwood e Darwin.
    Evopéia – Poema de longo fôlego acerca dos grandiosos e heróicos eventos macroevolutivos.
    Evodoxo – Que é sectário do evolucionismo ortodoxo.
    Evômetro – Instrumento utilizado para distinguir um evento microevolutivo de um macroevolutivo.
    Evópolis – do grego “cidades dos evos”.
    Evoterapia – Tratamento ou terapia que se faz à luz das descobertas evolutivas.
    Evótono – Darwinista que limita sua conversa a um só assunto relacionado à Teoria da Evolução.
    Evosofia – Conjunto de doutrinas ateísticas-filosóficas que têm por objeto a refutação dos deuses por meio da Teoria da Evolução.

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