Artigo original – 14 04 2009 08.42H
À excepção de algumas «seitas» mais fanáticas, nem os católicos negam as evidências da Ciência, distinguindo perfeitamente entre a linguagem metafórica e poética do Antigo Testamento e a realidade, nem os cientistas têm a pretensão de provar ou negar a existência de Deus, como se as suas ressonâncias magnéticas e os seus aparelhos tivessem a capacidade de captar e reduzir a uma “chapa” a complexidade do ser humano, do universo e de para aí além.
Mas a verdade é que a Fé não consegue deixar de fascinar os investigadores, ou não movessem montanhas. Agora foi a revista Newscientist a publicar um estudo, citado pela Lusa, em que cientistas dinamarqueses concluíram que a oração activa uma área do cérebro onde se processa o conhecimento social, ou seja, que rezar é como falar com um amigo.
O cérebro de 20 católicos praticantes foi “fotografado” no decorrer de três tarefas: enquanto recitavam o Pai Nosso, enquanto recitavam um poema, e uma terceira em que improvisavam orações pessoais, antes de fazerem pedidos ao Pai Natal.
Curiosamente, o Pai Nosso e o poema activaram a mesma área cerebral, mais propriamente a que está ligada à emuneração e repetição. Contudo, a oração improvisada pôs em funcionamento os circuitos utilizados quando se comunica com outra pessoa, e que nos concedem a capacidade de lhes imputar motivações e intenções.
Mas a complexidade não se fica por aqui: é que a reacção foi também diferente quando rezavam e quando se dirigiam ao Pai Natal: quando Deus era o interlocutor iluminavam o córtex pré-frontal (o que se acende quando comunicamos com pessoas reais), que se mantinha apagado no caso do Pai Natal, revelando assim considerá-lo uma figura fictícia, equiparada a um objecto ou a um jogo de computador.
A explicação é que «o cérebro não activa essas áreas por não esperar reciprocidade, nem considerar necessário pensar nas intenções do computador».
Assumindo uma postura cautelosa, o estudo termina concluindo que o que fica provado é, apenas, que quando os crentes rezam acreditam não só estar a falar com Deus, como que este os escuta. Já não é mau.
Linguagem metafórica e poética. Muito bem. Concordo plenamente. Nada mais além de metáforas e poesia.
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Mats, mesmo assim há um furo nesta pesquisa:
As pessoas quando falam com o Pai Natal não acreditam existência deste, porém acreditam na existência de Deus, isso faz com que o cérebro diferencie as áreas.
Se o experimento fosse feito com ateus a área usada para o Pai Natal e para a oração improvisada seria a mesma.
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H,
Provavelmente, mas isso não invalida que quando o cristão ora a Deus, ele está a falar com Alguém que ele sabe que está a ouvir, e que pode responder.
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Ou melhor ainda, H. Se a pesquisa fosse feita com crianças a área utilizada para Deus e para o Pai Natl também seria a mesma. Porque as crianças acreditam que tanto o Pai Natl quanto Deus as ouve e pode responder.
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Daniel,
Provavelmente, mas não invalida que quando o cristão ora a Deus, ele está a comunicar com Alguém que ele sabe estar a ouvir.
Crianças geralmente deixam de acreditar que o pai natal existe quando crescem, mas muitas delas continuam a saber que Deus existe mesmo depois de adultas.
Não só isso, como existe o caso de muitas pessoas começarem a acreditar em Deus já adultas, enquanto raramente vemos pessoas a começarem a acreditar no pai natal na idade adulta.
A comparação não só é irrelevante, como é fora do contexto.
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