Os ateus e os neo-ateus

Eu geralmente não costumo fazer distinção entre os ateus e entre os neo-ateus (nem tenho nada contra quem o faça), mas este post revela que, de facto, se calhar não é má ideia começar com essa divisão.

Ateísmo religioso – II

Paradoxal?

Não obstante pareça ser um jibóico paradoxo falar em ateísmo como fenômeno religioso, essa aparente contradição se desfaz rapidamente quando constatamos que um novo tipo de ateísmo, da mesma forma que algumas religiões, transformou-se numa verdadeira seita.


O ateísmo clássico, ou seja, o ateísmo como simples opção filosófica, cedeu espaço para uma nova vertente ateísta, muito bem tipificada na pessoa do zoólogo inglês Richard Dawkins. Trata-se de um tipo de ateísmo militante e combatente, que faz uso das mesmas armas e estratégias de determinadas seitas, dentre as quais, a manipulação ideológica e o forte apelo emocional.

São as principais características do novo ateísmo religioso:

1 – Forte aversão a Bíblia:
São capazes de perder noites inteiras em busca daquilo que consideram “contradições da Bíblia”. Fazem abundante uso dos trechos bíblicos os quais discorrem acerca da “ira e furor de Deus”; enfatizam exageradamente as passagens bíblicas as quais se chocam com aquilo que diz a ciência; ignoram a beleza poética de muitos livros bíblicos, como “Cânticos dos Cânticos” e se utilizam com frequencia de termos torpes quando se referem ao livro dos cristãos.

2 – Forte aversão à religião:
Acreditam que todo o mal existente na humanidade seja fruto das práticas religiosas, apesar de seguirem paradoxalmente pelo mesmo caminho. São incapazes de verem coisas boas na religião. Deleitam-se com os escândalos religiosos, utilizando-os como arma contra a própria religião. São intolerantes e imaturos culturalmente, uma vez que não conseguem encontrar um só benefício advindo da religião. Acreditam que eventos como os atentados suicidas são essencialmente frutos do fervor religioso, em vez de reações contra a opressão política e social. Para esses ateus religiosos, religião e ciência estão travando um duelo de vida e morte, no qual a ciência um dia triunfará como num “apocalipse”.

3 – Forte apego a Richard Dawkins:
Embora haja muitas exceções, os novos ateus religiosos mantêm um vínculo afetivo muito forte com esse ideólogo, vendo nele uma espécie de messias que, finalmente, veio destruir a “maléfica religião”. Dawkins de algum modo lembra o messianismo português às avessas, uma versão irônica de dom Sebastião à inglesa. É o líder carismático, o qual motiva e enche o brio dos novos ateus, conclamando a manifestarem seu ateísmo como a expressão plena da verdadeira liberdade. Aos poucos seu livro “Deus, um Delírio” torna-se numa espécie de “bíblia atéia”, com direito a maldições, “profecias” e os famigerados “memes”, que são os dogmas.

4 – O darwinismo como fenômeno ateísta:
Os ateus religiosos normalmente confundem o darwinismo como um fenômeno tipicamente ateísta. É por isso que a maioria deles não consegue manter uma postura amigável com os chamados evolucionistas teístas, esses da linha de Francis Collins. Dawkins, ao tratar desta vertente darwinista, afirmou numa entrevista à revista Veja: “Pessoalmente não consigo entender suas razões. Talvez seja um tipo de mente repartida: eles mantêm suas crenças religiosas em um nicho, e a ciência em outro. Sinceramente tenho dificuldade em simpatizar com esse tipo de coisa“. Outro aspecto, é que geralmente tais ateus confundem darwinismo (e conseqüentemente o ateísmo) com excelência científica. Dramático! ((rs))

Haveria ainda outras características, mas essas resume muito bem este novo fenômeno religioso denominado
ateísmo religioso.

E que me desculpe esses ateístas, mas o ateísmo não é fundamental.

É isso!

Esta nova vaga de ateus (os neo-ateus) tem um ódio irracional contra Deus e contra o Cristianismo. Será doença? Será psicose?

Não deixa de ser estranho que, enquanto que por um lado eles digam tanto mal do Cristianismo, alguns deles afirmem que, se calhar não é boa ideia destruir esse mesmo cristianismo. O que dizer de pessoas que são tão aversas ao cristianismo por um lado, mas que por outro lado reconhecem algum valor social benéfico no mesmo?

“Mas o que pecar contra Mim violentará a sua própria alma: todos os que Me aborrecerem amam a morte.” Provérbios 8:36

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"Posterity will serve Him; future generations will be told about the Lord" (Psalm 22:30)
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14 Responses to Os ateus e os neo-ateus

  1. Adalberto Felipe says:

    Eu geralmente não costumo fazer distinção entre os ateus e entre os neo-ateus (nem tenho nada contra quem o faça)

    Eu também não e penso em fazer o mesmo em relação aos agnósticos e ateus, pois de acordo com a definição de agnosticismo de alguns sites ateus, um agnóstico é uma pessoa não acredita, nem desacredita em Deus ou uma pessoa que acha que a questão de existência de Deus não pode ser penetrada pela razão / ciência, só que na prática isso parece não existir.

    Muitos agnósticos, ao olharmos na internet, em 99% dos casos sempre dão motivos para Deus não existir e alguns se demonstram mais fanáticos do que os ateus. Nunca na minha vida, vi um agnóstico falando o porquê não desacredita em Deus, participando de um fórum e dando argumentos contra o evolucionismo, muito menos corrigindo um ateu, falando o porquê não desacredita.

    Na wikipedia, na definição de ateísmo, vemos lá, uma seção de ateísmo fraco e outra de ateísmo forte, mas na prática isso também não existe, nem precisa comentar isso.

    Muitos ateus falam que o ateísmo não é religião também, como o Luciano havia dito, isso em teoria não, mas na prática é sim. Vá lá nesses fóruns ateus, nos ceticismo.net da vida mostrar a fragilidade dos argumentos deles para ver o que vai acontecer.

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  2. Adalberto Felipe says:

    Só mais uma coisa: os agnósticos ou ateus já estão até vindo com o termo “agnóstico ateu”… é difícil entender o que eles realmente querem dizer com isso: se um agnóstico não acredita, nem desacredita, ou acha que a razão ou ciência nunca pode provar a existência de Deus, como podem não acreditar em Deus? Que paradoxal, não?

    Quando as pessoas se afastam de Deus, elas vem com cada coisa.

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  3. Sérgio Sodré says:

    O benefício social actual da prática do cristianismo e doutras religiões não deve admirar ninguém. A religião, os mitos, as ideologias ajudam o Homem a enfrentar a vida e dão-lhe um rumo.
    Isso não quer dizer que sejam verdadeiras objectivamente.
    Quanto ao amor do Homem por Deus devo dizer que há muita falsidade nessa ideia. O que o muitos homens querem é sobreviver à morte e “inventam” um Deus que os salve. Se existisse um Deus que fosse uma inteligência cósmica organizadora do Universo, mas que não “salvasse” os homens estou em crer que estes não se interessavam por ele. Logo desapareceria o amor por Deus, pois os homens realmente apenas se amam a si próprios, querem um lugarzinho no Céu e Deus só serve para o garantir.
    Por mim, admito racionalmente a existência de Deus, mas não espero ter uma vida eterna numa nuvenzinha. Não preciso disso para aceitar a verdade de um Universo Inteligente.

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  4. Mats says:

    Sérgio Sodré,

    O benefício social actual da prática do cristianismo e doutras religiões não deve admirar ninguém.

    Mas nem todas as prácticas religiosas são socialmente benéficas. Eu limitei-me exclusivamente ao benefício social do Cristianismo, e nada mais.

    A religião, os mitos, as ideologias ajudam o Homem a enfrentar a vida e dão-lhe um rumo.

    Porque é que o homem tem necessidade de um “rumo” na sua vida?

    Isso não quer dizer que sejam verdadeiras objectivamente.

    Mas a necessidade universal de um propósito na nossa vida é uma evidência em favor de Deus. Não prova que Ele existe, mas é consistente com a Sua Existência. Esta necessidade humana de um propósito na vida não é algo que seria de esperar se o ser humana nada mais fosse que uma composição aleatória de átomos sem inteligência e sem um propósito.

    Quanto ao amor do Homem por Deus devo dizer que há muita falsidade nessa ideia. O que o muitos homens querem é sobreviver à morte e “inventam” um Deus que os salve.

    Ou então Deus realmente existe, e Ele colocou no homem essa ânsia de saber como vai ser a sua eternidade. Já que estamos a falar em cenários hipotéticos, temos que por na mesa todas as alternativas.

    Se existisse um Deus que fosse uma inteligência cósmica organizadora do Universo, mas que não “salvasse” os homens estou em crer que estes não se interessavam por ele.

    Mas como os homens interessam-se por Ele, então isso “prova” que Ele existe?

    Logo desapareceria o amor por Deus, pois os homens realmente apenas se amam a si próprios, querem um lugarzinho no Céu e Deus só serve para o garantir.

    Mas há pessoas que amam a Deus e querem viver com Ele para todo o sempre, longe da dor, sofrimento e angustia do inferno.

    Por mim, admito racionalmente a existência de Deus, mas não espero ter uma vida eterna numa nuvenzinha.

    Mas e se Deus realmente te quiser dar gratuitamente um lugar na eternidade, num novo universo vazio de defeitos e maldade, aceitarias ou rejeitarias tal oferta gratuita?

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  5. Gabriel says:

    “2 – Forte aversão à religião” … Ateu se resume a não acredita na ideia imposta de Deus, nem todos que criticam a religião são Ateus e nem todos os Ateus criticam a religião… Tenho um exemplo em casa, meu irmão, não apoia nenhuma religião, mas o mesmo acredita em Deus, não sendo assim um Ateu e sim Teista! Se a maioria dos Ateus criticam a religião, não é pelo fato de serem Ateus e sim por não concordarem com ela. devemos nos concentrar no fato: Ateu não acredita em Deus e parar com essa mania de comparar Ateísmo com Religião

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  6. Carlos Estevam Sousa Silva says:

    As razoes pelas quais me levaram a não acreditar em Deus são bastante numerosas,dentre elas,
    as injustiças que acontecem a nossa volta como,a morte de Zilda Arns,uma incansavel defensora das crianças que morreu tentando protege-las.POR DEUS NÃO INTERVIU?

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  7. jephsimple says:

    1)Se Deus existisse não existiria tanta maldade, e ele interviria …

    2)Então , como existe muita maldade e Deus não intervem, então segue-se logicamente que Deus não existe.

    Seria esse o argumento do Carlos Estevam ?

    Me fez lembrar aqueles que zombavam de Cristo em seu martírio:

    Se és filho de Deus, pq não salva a ti mesmo?

    Estranho o argumento do Carlos, se Deus não existe e somos poeira estelar, o que importa a morte de Zilda Arns? Ela já descansa em paz, se encontra em estado eterno de inexistência, o mesmo ocorrerá com os que maldosos da terra, todos descansarão em paz, num eterno estado de inexistência.

    Enfim o Carlos não possui fundamento objetivo pra julgar algo como maldade ou bondade, bom ou ruín… E considerando a cosmovisão ateísta que a vida não tem sentido objetivo nenhum, senão existir, viver e deixar de existir eternamente.
    É isso!

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  8. Azetech says:

    Mats, Jeph

    Irmãos, é o seguinte…
    Através dos links do Paulo ( http://www.evo.bio.br/ ), visualizei um site de um proselitista ateu, que é filósofo, e declarava ter um argumento “irrefutável”, dizendo que a bíblia declara abertamente ensinar a concepção de uma terra plana e uma concepção de universo aquático. Ele também afirmou declaradamente que ela é anti-cientifica, utilizando próprias referências bíblicas, filosofias e a “ciência” para o tal.
    Ele também sustenta abertamente que a bíblia não pode ser lida de modo literal, pois sua literalidade se chocaria com os fatos.

    Como sei que seu trabalho é relacionado a defesa da bíblia e a ciência, também sei que o Jeph gosta de filosofia e teologia, pensei se poderia realizar nosso debate neste sítio, visto que os assuntos são os mesmos porém com visões diferentes (nós a favor e ele contra)

    Já consegui chamar a atenção do Marcus Valério XR para um debate, enviando uma mensagem a ele pelo youtube. Ele aceitou

    Tu permites que o debate seja aqui?

    Abraços,
    Diogo

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    • Mats says:

      Sim, claro, desde que as regras do bloque sejam mantidas.

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      • Azetech says:

        Mats, se eu fizer um arquivo em Doc, com os argumentos dele refutados, inserindo figuras e ilustrações e diferenciações de cores de fontes, mantendo a mesma dinâmica de seus posts e te enviar por e-mail, faria uma postagem em seu site?
        Como ele aborda diversos temas controversos, gostaria de detalhar em tópicos, porém se fizer em forma de comentários, ficaria muito extenso.

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      • Mats says:

        Posso fazer melhor; eu dou-te acesso para postares no blogue esse texto (assim editas como achares melhor).

        Só te peço encarecidamente que uses o português de Portugal (ex: correCto em vez de correto, subjeCtivo em vez de subjetivo, etc, etc).

        Pode ser?

        Cumps

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    • Azetech says:

      Para falar a verdade, não tenho muito conhecimento de HTML. Devido a isso não sei se teria capacidade de postar os textos corretamente como faz em seu site.

      Referente a linguagem em português de Portugal, mudarei o dicionário do Word para Pt-Pt, assim ele me corrigirá automaticamente.
      Porém já adianto sou leigo referente a algumas metáforas que vocês utilizam em Portugal.

      Se não for te incomodar, será que não poderia me ajudar nas postagens? Assim poderia lê-los antes, e verificar se utilizei algum termo errôneo . Poderia também, incluir alguns pensamentos, fontes e até mesmo modifica-lo para melhor (incluindo imagens ou citações se preferir).

      Se não te atrapalhar, poderia me ajudar?

      Abraços,
      Diogo.

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